Em 5 de dezembro, o Comitê Consultor para Práticas de Imunização (ACIP) dos Estados Unidos votou para eliminar a recomendação de aplicação da primeira dose da vacina contra hepatite B em recém-nascidos, uma medida adotada desde 1991. A mudança sugere que a imunização só será recomendada para mães infectadas ou com status desconhecido, deixando a decisão de aplicar a dose ao critério de famílias e médicos.
Impacto potencial na imunização infantil e na saúde pública
A vacina contra hepatite B, composta por três doses, é considerada uma das mais eficazes na proteção contra o vírus e suas complicações, como insuficiência hepática e câncer de fígado. Dados do CDC revelam que, sem vacinação, até 90% dos recém-nascidos infectados desenvolvem infecção crônica, com 25% podendo morrer devido às complicações. Desde a recomendação universal em 1991, as taxas de infecção caíram 99%, salvando milhares de vidas.
Reações de especialistas e entidades de saúde
O anúncio gerou forte reação contrária de especialistas e organizações de saúde. “Essa mudança coloca em risco a proteção de milhões de crianças americanas”, afirmou o ex-diretor do CDC, Dr. Tom Frieden. Ele destacou a importância da imunização precoce para evitar doenças hepáticas graves. O movimento também foi condenado por grupos como a Associação Médica Americana e March of Dimes, que expressaram preocupação com a decisão baseada em evidências questionadas.
Contexto político e mudanças na equipe do CDC
O novo posicionamento do CDC ocorre em um momento de transformação na equipe do órgão. Sob a gestão do secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., membros do ACIP foram substituídos por profissionais mais críticos quanto à segurança e eficácia das vacinas, o que alimenta o debate sobre as decisões atuais. Kennedy tem sido alvo de críticas por sua postura cética em relação às imunizações.
Perspectivas futuras e impacto na saúde pública
Se a nova orientação for adotada oficialmente, ela poderá diminuir a imunização universal contra hepatite B, aumentando o risco de transmissão, especialmente de mães infectadas para seus filhos. Especialistas alertam que essa mudança ameaça os avanços conquistados na eliminação do vírus em nível nacional e internacional, destacando a importância de decisões baseadas em evidências científicas sólidas.


