Na última semana, o apresentador Luciano Huck e a artista Anitta realizaram uma visita à aldeia Kuikuro, localizada no Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso. Durante a gravação que se tornou viral nas redes sociais, Huck fez declarações polêmicas que geraram uma onda de críticas e discussões sobre a relação entre cultura indígena e media.
Declarações controversas geram indignação
No vídeo, Huck pede que os visitantes que não estivessem usando roupas tradicionais indígenas se afastassem das gravações. “Aí atrás, o de amarelo ali atrás… É, tira as roupas [não tradicionais]. Obrigado. É, limpa a cultura de vocês aí”, destacou o apresentador. Essa afirmação logo provocou reações negativas, especialmente entre os internautas, que acusaram Huck de promover uma visão eurocêntrica e de tentar ditar como os indígenas devem se comportar em sua própria cultura.
Além dessa controvérsia, especificamente sobre a presença de celulares, Huck expressou que a utilização dos dispositivos atrapalharia a imagem autêntica dos indígenas em cena. “Quanto mais celular de vocês aparece, menos eu acho que mostra a cultura de vocês. […] Se puder falar isso para o povo, é bom”, completou ele. Essas palavras foram mal recebidas, com muitos criticando o apresentador por tentar impor o que ele considera apropriado para a representação cultural.
A repercussão nas redes sociais
A reação nas redes sociais foi rápida e intensa. Vários usuários se manifestaram contra as declarações de Huck, argumentando que ele, como um “homem branco”, não deveria ter a audácia de ensinar os indígenas sobre sua própria cultura. Um comentário chamou a atenção: “O homem branco querendo ensinar o indígena a ser indígena.” Outros usuários também criticaram a falta de respeito em suas palavras: “Falta de respeito a pessoa entrar na casa do outro e exigir algo.”
Nota de esclarecimento do apresentador
Diante da polêmica, Luciano Huck sentiu a necessidade de se pronunciar. Ele emitiu um comunicado, reafirmando sua relação com as comunidades indígenas e esclarecendo que não se tratava de uma imposição cultural, mas de decisões de direção artística durante uma gravação. “Sou, e sempre serei, defensor dos povos originários, de sua cultura, de sua territorialidade e de sua preservação”, escreveu o apresentador em nota.
Ele continuou: “As escolhas sobre modos de vida, tradições e caminhos futuros pertencem única e exclusivamente aos próprios povos indígenas.” Huck ressaltou a importância de entender a cultura indígena de maneira mais sensível e consciente, enfatizando que suas intenções não eram de limitar, mas sim de apresentar um respeito pela autenticidade cultural durante a gravação.
Reflexões sobre a interação com culturas indígenas
O incidente trouxe à tona uma discussão mais ampla sobre como as culturas são representadas e respeitadas na mídia. A atuação de figuras públicas em contextos culturais delicados exige cuidado e respeito, além do entendimento de que as culturas indígenas têm suas próprias dinâmicas e tradições que merecem ser preservadas e respeitadas.
A polêmica envolvendo Luciano Huck nos ensina a importância de escutar as vozes de quem realmente vive essas realidades e de não tentar moldar culturas de acordo com referências externas. As comunidades indígenas já enfrentam diversas questões de invisibilidade e desrespeito por parte da sociedade em geral, e é fundamental que todos nós, incluindo figuras públicas, adotemos uma postura de respeito e apoio à sua autonomia cultural.
Enquanto o debate continua, Luciano Huck espera que a situação seja vista como uma oportunidade de aprendizado, tanto para ele quanto para o público que assiste suas produções. Essa experiência poderá, quem sabe, abrir diálogos valiosos sobre a maneira como interagimos e representamos culturas distintas na sociedade contemporânea.


