O Departamento de Estado americano enviou um telegrama detalhado às missões diplomáticas no exterior nesta semana, instruindo os oficiais consulares a rejeitar candidatos ao visto H-1B que estejam ligados a ações de censura ou restrição à liberdade de expressão. A medida ocorre em meio ao aumento das restrições ao influxo de profissionais estrangeiros, especialmente na área de tecnologia.
Regras mais rigorosas para candidatos ao visto H-1B
Segundo o documento obtido pela Bloomberg, todos os solicitantes de vistos devem passar por uma revisão mais detalhada, com foco em seus perfis profissionais, atividades online e possíveis envolvimentos em censura. “FIQUEM ATENTOS: CANDIDATOS RESPONSÁVEIS OU CÚMPLICES DE CENSURA DE AMERICANOS”, alerta o telegrama. A instrução, direcionada às autoridades consulares, enfatiza que candidatos que tenham colaborado com entidades envolvidas na supressão de expressão podem ser considerados inadequados para a obtenção do visto.
Impactos na indústria de tecnologia e setores relacionados
Os vistos H-1B, criados para atrair profissionais altamente qualificados como engenheiros, cientistas e programadores, representam uma ferramenta vital na indústria tecnológica americana. Empresas de mídias sociais e financeiras, criticadas pelo governo de Donald Trump por supostamente promoverem censura no exterior, estão entre os principais empregadores desses trabalhadores.
Estima-se que os candidatos ao H-1B atualmente tenham maior chance de trabalhar em setores que envolvem mídia digital e serviços financeiros, atividades que a nova orientação busca restringir ou pelo menos fiscalizar de forma mais rigorosa.
Aumento na fiscalização e medidas anteriores
Este movimento ocorre após o presidente Donald Trump ameaçar ações mais duras contra imigração legal, apresentando proposta de taxas elevadas — como US$ 100 mil para vistos H-1B — além de reforçar a revisão de perfis profissionais, incluindo a análise de seguidores e artigos em plataformas como LinkedIn.
Desde setembro, o governo já havia implementado uma taxa de US$ 100 mil para solicitações de vistos de trabalho temporário, buscando desencorajar a entrada de profissionais estrangeiros considerados indesejados. Atualmente, os Estados Unidos concedem cerca de 85 mil vistos H-1B por ano, com a maior parte destinada a cidadãos indianos.
Reação internacional e cenário atual
Enquanto os EUA reforçam restrições, países como o Canadá têm adotado uma postura contrária, buscando atrair pesquisadores internacionais e titulares de vistos de trabalho temporário que estejam sendo rebaixados nos EUA. “Não aceitamos candidatos internacionais indiscriminadamente”, declarou o governo canadense, visando aumentar sua competitividade no recrutamento de talentos globais.
Especialistas alertam que as novas instruções podem reduzir o fluxo de profissionais qualificados para os EUA, impactando setores de inovação e tecnologia. Jovens especialistas, especialmente da Índia, já enfrentam dificuldades na obtenção de vistos e na realização de seus sonhos profissionais nas terras americanas — uma mudança que sinaliza uma postura mais restritiva na política de imigração dos Estados Unidos.
O Departamento de Estado ainda não se manifestou oficialmente sobre as novas orientações, mas a medida reforça o clima de maior controle na concessão de vistos de trabalho, com ênfase na verificação de possíveis indícios de censura ou envolvimento em atividades que possam restringir a liberdade de expressão.
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