Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificou a pressão para que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) aprove um grande projeto de exploração de petróleo na Margem Equatorial, na foz do Rio Amazonas. A iniciativa, defendida como essencial para o crescimento econômico do Brasil, enfrenta forte oposição de ambientalistas, que alertam para os riscos climáticos e sociais.
O embate ocorre poucos meses antes da COP30, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que será realizada pela primeira vez na Amazônia, em Belém, em novembro.
Petróleo x sustentabilidade: o dilema de Lula
Desde o início de seu terceiro mandato, Lula busca equilibrar sua imagem de líder ambiental com os interesses econômicos do país. Em discurso na última quarta-feira (5), ele defendeu a exploração de petróleo como um meio de financiar a transição energética, afirmando que o Brasil precisa do setor para garantir investimentos em energias limpas.
🗣️ “Queremos petróleo porque ele ainda vai existir por muito tempo. O dinheiro do petróleo pode financiar a transição energética, que será muito cara”, argumentou o presidente.
A Margem Equatorial, que abrange 350 mil km² no litoral norte do Brasil, pode conter até 10 bilhões de barris de petróleo, segundo estimativas da Petrobras. O Brasil já é o maior produtor de petróleo da América Latina e o oitavo maior do mundo, com produção média de 3,4 milhões de barris por dia em 2024.
Pressão internacional e embate dentro do governo
O projeto gera críticas internacionais e divisão dentro do próprio governo. Organizações ambientais apontam que ampliar a produção de combustíveis fósseis contraria os compromissos climáticos do Brasil.
📌 Suely Araújo, ex-presidente do IBAMA e integrante do Observatório do Clima, criticou a justificativa de Lula:
“Dizer que a transição energética pode ser financiada com petróleo é o mesmo que afirmar que queremos fazer guerra para obter a paz.”
📌 Toya Manchineri, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, alertou para riscos aos povos indígenas e ecossistemas locais, temendo poluição dos rios e impactos irreversíveis.
📌 Ilan Zugman, da ONG 350.org, afirmou que explorar petróleo na Amazônia contradiz os discursos de Lula sobre preservação ambiental.
A tensão se estende ao governo. Enquanto a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que o IBAMA tomará uma decisão técnica, sem influência política, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pressiona para uma aprovação rápida do projeto, alegando que o Brasil não pode abrir mão de oportunidades econômicas.
🔍 O que acontece agora?
O IBAMA negou a licença em 2023, exigindo mais garantias da Petrobras sobre planos de contenção de vazamento de óleo. Em dezembro, a estatal apresentou um novo projeto, ainda em análise pelo órgão ambiental.
Enquanto a decisão não sai, Lula tenta manter sua imagem de defensor do meio ambiente, ao mesmo tempo em que busca garantir recursos para o país. O desafio será conciliar essas posições antes da COP30, onde o Brasil será o centro das atenções no debate climático global.
📢 Um teste para o Brasil na agenda climática
O impasse sobre a exploração da Margem Equatorial reflete o dilema do Brasil entre crescimento econômico e compromisso ambiental. Com a COP30 se aproximando, Lula precisará equilibrar as pressões do setor energético, ambientalistas e da comunidade internacional para definir o rumo da política climática brasileira.
A decisão do IBAMA pode ser um divisor de águas para o país: reforçar a liderança ambiental do Brasil ou consolidar sua dependência do petróleo.
Fonte: The Breezer