O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, anunciou nesta quinta-feira (6) o cancelamento do acordo da Iniciativa Cinturão e Rota, assinado com a China em 2017. A decisão ocorre em meio a pressões dos Estados Unidos, que buscam reduzir a influência chinesa sobre o Canal do Panamá, uma rota estratégica para o comércio global.
A saída panamenha do acordo foi oficializada por meio de um documento enviado à embaixada da China em Pequim, seguindo o prazo de 90 dias de antecedência estipulado no contrato. “Portanto, essa é uma decisão que tomei”, afirmou Mulino em coletiva de imprensa.
O cancelamento acontece poucos dias após a visita ao Panamá do secretário de Estado americano, Marco Rubio, que defendeu um realinhamento estratégico com Washington.
⚖️ EUA x China: disputa pelo Canal do Panamá
A decisão do governo panamenho reforça o embate geopolítico entre as duas maiores potências do mundo. Os Estados Unidos vêm intensificando sua influência sobre o Panamá, especialmente após declarações do ex-presidente Donald Trump, que sugeriu retomar o controle do canal interoceânico.
A Iniciativa Cinturão e Rota, lançada em 2013 pelo governo Xi Jinping, tem como objetivo financiar projetos de infraestrutura em diversos países para expandir o comércio e a conectividade global. Mais de 100 nações aderiram à iniciativa, incluindo importantes parceiros comerciais da China na América Latina.
No entanto, os EUA veem a iniciativa chinesa como um instrumento para aumentar a presença de Pequim no mundo e uma ameaça à segurança global.
![China avança economicamente na America Latina.](https://sp-ao.shortpixel.ai/client/to_webp,q_glossy,ret_img,w_1024,h_576/https://diario.dopovo.com.br/wp-content/uploads/2024/10/bandeira-da-china-1024x576.jpg)
🇵🇦 Por que o Panamá decidiu sair do acordo?
O presidente panamenho questionou os benefícios da parceria com a China. “O que isso trouxe para o Panamá em todos estes anos? Quais são as grandes coisas? O que essa ‘Belt and Road Initiative’ trouxe para o país?”, declarou Mulino, demonstrando incômodo com o acordo firmado pelo ex-presidente Juan Carlos Varela (2014-2019).
A carta de entendimento previa renovações automáticas a cada três anos, mas permitia que qualquer uma das partes encerrasse o compromisso com notificação prévia de três meses.
A decisão foi elogiada por Marco Rubio, que a classificou como um “grande passo” para fortalecer as relações entre o Panamá e os Estados Unidos.
🏗️ China reage: “cooperação se desenvolvia normalmente”
O governo chinês reagiu à decisão do Panamá e criticou a influência americana na decisão. “A cooperação entre a China e o Panamá no marco da Iniciativa Cinturão e Rota está se desenvolvendo com normalidade e vem obtendo resultados frutíferos”, afirmou o porta-voz da chancelaria chinesa, Lin Jian.
Ele também expressou a expectativa de que o Panamá resistisse “às interferências externas”, em clara referência à influência dos Estados Unidos sobre o governo Mulino.
🔎 O que vem a seguir?
Com o cancelamento do acordo, o Panamá se aproxima ainda mais de Washington, enquanto Pequim perde um importante aliado na América Latina. A decisão pode afetar investimentos chineses no país e reacender o debate sobre o papel estratégico do Canal do Panamá no comércio global.
Os próximos meses serão decisivos para entender os impactos dessa mudança e se outros países seguirão o exemplo panamenho.
📝 Meta descrição
O Panamá cancela acordo da Rota da Seda com a China após pressão dos EUA. Decisão do presidente José Raúl Mulino fortalece aliança com Washington e intensifica disputa pelo Canal do Panamá.