Recentemente, atuações impulsionadas por IA têm emergido nas paradas musicais, levantando questionamentos sobre o impacto dessa tecnologia na criatividade e na autenticidade artística. A presença crescente de atos musicais alimentados por algoritmos sinaliza uma possível revolução ou ameaça ao universo da música tradicional.
O avanço do AI na indústria musical
Segundo a Billboard, pelo menos seis atos alimentados por IA ou assistidos por ela têm figurado nas listas de reprodução nos últimos meses, incluindo o pioneiro Xania Monet, que estreou nas paradas de sucesso. Esses artistas geralmente treinam suas vozes e estilos com os trabalhos de músicos humanos, criando uma aparência de autenticidade que, na verdade, esconde uma produção automatizada.
Esse fenômeno pode representar uma ameaça significativa para os artistas tradicionais. Como destacou o autor C.J. Farley, a indústria pode enxergar a IA como uma solução fácil para substituir personalidades difíceis, que muitas vezes demandam atenção excessiva ou comportamento problemático. Sem emoções, sem conflitos, a IA simplesmente produz música.
O risco da substituição e a perda de autenticidade
Uma pesquisa conduzida pela Ipsos para a Deezer revelou que 97% dos entrevistados não conseguiam distinguir uma música criada por humanos de uma gerada por IA, o que demonstra o potencial dessa tecnologia de enganar até mesmo o público mais atento.
Contudo, o maior perigo talvez seja o efeito colateral dessa dominação algorítmica: humanos começarão a soar mais como máquinas, criando uma espiral de superficialidade. A indústria musical sempre valorizou a autenticidade — uma luta constante entre o verdadeiro e o falso, como exemplificado pelas controvérsias envolvendo Beyoncé, Kendrick Lamar e Nirvana.
O valor da experiência humana na música
Segundo Ralph Ellison em “Living with Music”, a essência do blues e de outros gêneros reside na experiência de vida, na dor, na superação. Produtos de IA, que não vivem, não sentem e não experienciam o mundo, não poderão nunca captar essa profundidade.
Na visão de muitos críticos, a música não é apenas som, mas uma expressão de emoções e vivências humanas. Sem isso, a IA ameaça descaracterizar a autenticidade que fez da música um espelho da alma, sob o risco de transformar a indústria em uma grande fábrica de melodias superficiais.
Reação e resistência na era da tecnologia
Chegou o momento de resistir às forças que querem substituir o talento humano pela eficiência das máquinas. A preservação da autenticidade artística exige um movimento consciente de músicos, fãs e profissionais da área contra a padronização e a banalização sonora promovida pela inteligência artificial.
Proteger a criatividade genuína e valorizar as experiências humanas na arte musical é fundamental para garantir que a música continue sendo uma expressão de vida, não uma produção automatizada e desalmada.


