O anúncio do cancelamento da sabatina do advogado-geral da União, Jorge Messias, feito pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), causou repercussões significativas nas articulações políticas em Brasília. A decisão foi interpretada por membros do governo como uma oportunidade inesperada, mas que, por sua vez, também expõe os desafios que a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrentará para garantir a aprovação de Messias como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2026.
Consequências do cancelamento da sabatina
Na terça-feira (3/12), Alcolumbre divulgou uma nota crítica em relação à postura do governo, sugerindo que a demora na apresentação formal da escolha de Lula ao Congresso tinha um caráter intencional. O senador classificou essa omissão como uma “grave e sem precedentes”, enfatizando a importância de seguir as praxes legislativas para evitar inseguranças jurídicas.
Alcolumbre, que possui um histórico de influências no Congresso, apontou que a ausência da mensagem formal não apenas poderia atrasar o processo de sabatina, mas também era um fator que permitia a contestação judicial de qualquer ação futura. Para ele, isso representava um risco considerável, criando um impasse que poderia inviabilizar a articulação de Messias entre os senadores.
A relação entre Lula e Alcolumbre
A relação entre o governo Lula e o presidente do Senado não é nova, e o cenário atual exige uma reinvenção das articulações políticas. Governistas acreditam que a programação decidida por Alcolumbre foi uma estratégia para limitar o tempo de Messias em busca de apoio, preferindo que a indicação fosse direcionada a seu aliado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para o cargo que se abriu com a aposentadoria do ex-ministro Luís Roberto Barroso.
Desde a indicação pública de Messias, realizada em 20 de novembro, o clima no Congresso tem sido tenso, e a sabatina, que estava agendada para 10 de dezembro, foi um ponto crítico na agenda. Agora, com o cancelamento, as articulações que visam garantir a aprovação do indicado ao STF se tornam ainda mais urgentes e complexas, uma vez que o governo precisa restabelecer a confiança com Alcolumbre e outros senadores.
Próximos passos para a aprovação de Messias
A sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) era vista como uma etapa crucial para Messias, permitindo que ele apresentasse suas credenciais e angariasse apoio entre os senadores. Contudo, a necessidade de reatar laços e reconstruir uma relação de confiança com Alcolumbre agora se torna uma tarefa prioritária para o governo federal.
Além disso, o posicionamento de Alcolumbre pode influenciar diretamente o futuro político de Messias, uma vez que a base do governo terá que trabalhar para garantir que os senadores que apoiam Lula se mobilizem em favor da indicação, evitando a possível ascensão de um candidato alternativo no Senado.
Perspectivas políticas e a articulação governista
A situação atual levanta questões sobre a trajetória política de Jorge Messias e o impacto que um eventual fracasso em sua aprovação pode ter no governo Lula. As manobras realizadas por Alcolumbre, que podem ser interpretadas como uma disputa de poder, também reforçam a necessidade de um diálogo contínuo e aberto entre o executivo e o legislativo.
À medida que se avança para os debates futuros no Senado, a administração de Lula terá de estar atenta a cada movimento de Alcolumbre e outros líderes senadores, ressaltando que o sucesso de Messias pode depender de uma combinação eficaz de negociações e concessões mútuas.
Os desafios colocados pelo cancelamento da sabatina de Jorge Messias evidenciam um panorama político em construção, onde as relações interpessoais e a habilidade em orquestrar articulações dentro da Casa Legislativa são tão fundamentais quanto a sólida reputação do indicado. Resta saber como o governo irá agir e quais estratégias estarão em vigor para contornar as adversidades e alcançar um consenso político.
Com o cenário político em constante evolução, o governo e suas articulações seguem sob o olhar atento da imprensa e da sociedade, que aguardam ansiosamente pelos desdobramentos deste impasse que, sem dúvida, moldará a dinâmica do legislativo nos próximos meses.


