Na última quinta-feira (27), a advogada Poliane França Gomes foi presa em Salvador com aproximadamente R$ 190 mil em espécie. A prisão ocorreu durante a Operação Rainha do Sul, realizada pelo Departamento Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), que visa desmantelar um importante núcleo financeiro de uma organização criminosa que atua na Bahia, com ligações diretas com facções do Rio de Janeiro e São Paulo.
Relacionamento com líder de facção
Segundo a Polícia Civil, Poliane teve um relacionamento íntimo com Leandro de Conceição Santos Fonseca, conhecido como “Shantaram”, que está preso no Presídio de Segurança Máxima de Serrinha, localizado a cerca de 190 km da capital baiana. A advogada era responsável por passar ordens estratégicas, reorganizar territórios dominados pela facção, articular cobranças e manter comunicação entre internos e lideranças externas, o que a torna uma figura central nas operações da organização criminosa.
Operação Rainha do Sul
A prisão de Poliane faz parte de uma operação maior, onde foram cumpridos 14 mandados de prisão e 25 de busca e apreensão, não apenas na Bahia, mas também em outros estados como Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Durante as investigações, a polícia identificou operadores encarregados do transporte, armazenamento e distribuição de drogas e armas em diversas cidades, como Feira de Santana, Lauro de Freitas e Camaçari.
Além das prisões, a operação resultou na apreensão de R$ 1 milhão em joias de ouro e no bloqueio de R$ 100 milhões em contas bancárias ligadas ao grupo criminoso. A Justiça também determinou a proibição do uso de bens avaliados em R$ 1 milhão, que incluem sete veículos, uma moto aquática, um haras com cavalos de raça e uma usina de energia solar.
Reação da OAB-BA
A Ordem dos Advogados do Brasil – Sessão Bahia (OAB-BA) se manifestou sobre a prisão da advogada, afirmando que o Tribunal de Ética e Disciplina (TED) irá analisar o caso. A OAB destacou que sua atuação ocorre em duas frentes: garantindo as prerrogativas profissionais da advocacia e apurando condutas incompatíveis com o exercício da profissão.
Presença da OAB na prisão
A OAB Bahia ressaltou que uma advogada integrante da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB acompanhou a prisão de Poliane, conforme determina a Lei Federal nº 8.906/94. Assim, a presença de um representante da OAB é obrigatória durante a prisão em flagrante de advogados, desde que relacionada ao exercício profissional.
Consequências e reflexões
Esse caso levanta preocupações significativas sobre as ligações entre advogados e organizações criminosas. A OAB se comprometeu a agir conforme as diretrizes legais, mas também enfatizou a importância de preservar as prerrogativas profissionais dos advogados, independentemente das acusações.
As investigações em andamento revelam a complexidade do crime organizado na Bahia e a necessidade de uma resposta eficaz por parte das autoridades. A operação e as prisões realizadas mostram que as autoridades estão buscando desmantelar redes que operam em diferentes estados, desafiando as forças de segurança e exigindo uma abordagem coordenada.
As repercussões deste caso poderão impactar não apenas a carreira de Poliane França Gomes, mas também o funcionamento do sistema jurídico e a percepção pública sobre a advocacia. À medida que a situação se desenrola, a sociedade aguarda novas informações sobre o andamento das investigações e as medidas que serão tomadas para combater a criminalidade em todas as suas formas.
O resultado dessa operação ilustra a necessidade de uma vigilância contínua e da colaboração integrada entre as diferentes esferas de defesa da lei e ordem, a fim de garantir um sistema mais seguro e justo para todos.

