Em janeiro de 2025, o real se destacou no mercado cambial global ao registrar uma valorização significativa de 6,41% frente ao dólar. No primeiro pregão do ano, a moeda americana estava cotada a R$ 6,1624. Já no último dia do mês, em 31 de janeiro, a cotação do dólar caiu para R$ 5,8372, uma diferença superior a 30 centavos. Essa alta foi a segunda maior entre as 27 economias analisadas, superada apenas pelo rublo russo, que disparou 12,09% no período.
Contexto econômico global
O desempenho positivo do real é parte de uma tendência de fortalecimento das moedas de mercados emergentes, de acordo com Einar Rivero, analista da Elos Ayta Consultoria. O especialista aponta que o cenário é reflexo de ajustes monetários globais e de uma recomposição de fluxos de capital que favorecem essas economias. Outros países que também se destacaram em janeiro incluem a Colômbia, com uma valorização de 5,09%, e a China, que registrou uma alta de 1,53% em relação ao dólar.
Influência dos juros na valorização do real
A valorização do real em janeiro está intimamente ligada ao aumento da taxa básica de juros no Brasil. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a Selic para 13,25% ao ano, uma alta de 1 ponto percentual. Rivero explica que a diferença nas taxas de juros entre o Brasil e os Estados Unidos pode atrair investidores em busca de retornos maiores que os oferecidos no mercado americano, estimulando uma maior demanda pela moeda brasileira.
Por outro lado, os Estados Unidos mantiveram suas taxas de juros entre 4,25% e 4,50% ao ano, o que ampliou o diferencial de juros em favor do Brasil.
Impactos para a economia brasileira
A valorização do real pode ter efeitos significativos na economia brasileira. Um câmbio mais forte pode ajudar a reduzir a pressão inflacionária, principalmente pela queda nos preços de importações, como insumos e commodities estratégicas. No entanto, esse cenário também pode afetar a competitividade das exportações brasileiras. Setores como o agronegócio e a indústria, que dependem da competitividade no mercado externo, podem ser impactados negativamente por um real mais apreciado.
Rivero alerta que, apesar dos benefícios potenciais para a economia interna, a valorização do real também pode trazer desafios, especialmente para as empresas exportadoras que competem no comércio global.
O futuro da moeda brasileira
A expectativa é que o real continue se beneficiando do aumento do diferencial de juros e da movimentação de fluxos de capital. Contudo, a volatilidade cambial pode trazer desafios no longo prazo, especialmente com os ajustes econômicos globais e as incertezas políticas internas. O cenário para o real dependerá de como esses fatores se desenrolam nos próximos meses.
