Teresina, 31 de janeiro de 2025
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Lula mantém mistério sobre reforma ministerial, mas possíveis mudanças ampliam disputa interna no PT

Lula faz ministério sobre reforma ministeral, mas elogia Gleisi. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou confirmar, nesta quinta-feira (30), se fará uma reforma ministerial após a definição das novas mesas diretoras da Câmara e do Senado, que ocorre neste sábado. Embora tenha sinalizado que alterações podem acontecer caso algum ministro não corresponda às expectativas, Lula manteve a cautela ao abordar o tema. A indefinição do presidente tem impacto direto no Partido dos Trabalhadores (PT), onde há movimentações para que Gleisi Hoffmann deixe a presidência da sigla e assuma um cargo no governo.

A possibilidade de mudanças ministeriais reflete uma reorganização política dentro do governo e do PT, com diferentes grupos disputando espaço. Para interlocutores do Planalto, uma eventual nomeação de Gleisi poderia reforçar a articulação do governo com setores populares e, ao mesmo tempo, abrir caminho para uma transição no comando do partido.

Lula evita antecipar trocas e destaca reunião ministerial

Durante entrevista no Palácio do Planalto, Lula ressaltou que não há, até o momento, decisão tomada sobre substituições, mas que mudanças podem acontecer caso algum ministro não atenda às expectativas do governo.

“Trocar ministro é uma coisa da alçada do presidente. Fiz a melhor reunião de ministério que já fiz em todo o meu tempo de governo no início do ano. Mas, se tiver uma pessoa que foi chamada para administrar uma área e essa pessoa, por qualquer razão, não estiver atendendo, você troca”, disse o presidente.

A fala de Lula reforça a estratégia de não se comprometer publicamente com alterações na equipe antes das eleições no Congresso, uma vez que mudanças poderiam impactar articulações políticas em curso.

Quando questionado diretamente sobre a possibilidade de Gleisi Hoffmann integrar o ministério, Lula não descartou, mas afirmou que não tratou do assunto com ela.

“A Gleisi tem condição de ser ministra em muitos cargos. Até agora, não tem nada definido, eu não conversei com ela, ela não conversou comigo. Mas pode ter certeza que, no dia em que eu trocar [ministros], vocês saberão em primeira mão.”

Gleisi Hoffmann faz críticas ao editorial do Estadão
Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

PT pressiona por definição e sucessão partidária entra na equação

A indefinição sobre uma eventual ida de Gleisi Hoffmann para o governo tem gerado especulações dentro do PT. Caso a atual presidente da sigla assuma um ministério, o partido precisará escolher um nome interino para comandar a legenda até junho, quando ocorre o processo de renovação da direção.

Entre os principais cotados para assumir temporariamente o comando do partido estão Humberto Costa (PE) e José Guimarães (CE), dois nomes com forte presença no Congresso e boa relação com Lula. A escolha do sucessor de Gleisi pode definir os rumos do PT nos próximos anos, já que o partido enfrenta desafios para manter sua unidade interna.

A possível ida de Gleisi Hoffmann para a Secretaria-Geral da Presidência é vista como uma solução estratégica para dar mais protagonismo à pasta, que historicamente teve papel fundamental nos governos petistas. Atualmente comandada por Márcio Macêdo, a Secretaria-Geral perdeu espaço político e sua atuação tem sido considerada discreta.

Reconfiguração no Planalto e disputa interna no governo

Caso Gleisi Hoffmann assuma um ministério, isso pode reorganizar a correlação de forças dentro do governo Lula. O Planalto tem passado por um processo de reestruturação desde a nomeação de Sidônio Palmeira para a Secretaria de Comunicação Social (Secom), um movimento que fortaleceu a Casa Civil, comandada por Rui Costa.

A entrada de Gleisi no governo poderia ampliar ainda mais esse novo desenho, reduzindo a influência de ministros como Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, e o próprio Márcio Macêdo, que atualmente chefia a Secretaria-Geral.

Petistas avaliam que Macêdo, apesar de ser um nome de confiança de Lula, não conseguiu imprimir a mesma força política de antecessores na pasta, que no passado teve papel central na interlocução com movimentos sociais.

O impacto da reforma ministerial no Congresso e na articulação política

A movimentação para uma eventual reforma ministerial ocorre em meio à negociação de apoio no Congresso. A disputa pelas presidências da Câmara e do Senado pode alterar o cenário político e influenciar as decisões do governo. Lula sabe que qualquer mudança em sua equipe precisa considerar o equilíbrio entre sua base aliada e as pressões internas do PT.

Aliados do Planalto acreditam que uma eventual reforma ministerial deve ocorrer nas próximas semanas, após a definição das novas lideranças no Congresso. A ideia é evitar interferências nas articulações que garantam maioria para o governo nas votações de temas prioritários, como a regulamentação da reforma tributária.

Cenário político se movimenta, mas Lula mantém cautela

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Embora Lula evite confirmar qualquer mudança na Esplanada, os bastidores políticos indicam que ajustes na equipe ministerial são prováveis e devem ocorrer antes do meio do ano. O presidente tem adotado uma postura pragmática, mantendo em aberto todas as possibilidades, enquanto avalia o desempenho de sua equipe e as necessidades de articulação política.

Seja com a entrada de Gleisi Hoffmann ou outras possíveis alterações, a eventual reforma ministerial não será apenas uma mudança de nomes, mas uma reconfiguração estratégica do governo para os próximos anos. Lula tem deixado claro que não tem pressa, mas sua decisão final pode impactar diretamente os rumos da política nacional.

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