A crise hídrica que atinge diversas regiões do mundo já é uma realidade desesperadora na capital iraniana, Teerã. Recentemente, o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, fez um anúncio alarmante: a cidade pode precisar ser realocada devido à escassez de água e ao crescimento populacional desenfreado. Com aproximadamente 9,7 milhões de residentes, Pezeshkian indicou que a sustentabilidade ambiental de Teerã não pode mais ser garantida. “As pessoas disseram que era impossível, mas agora não é mais opcional”, afirmou ele. Essa situação não é única a Teerã, mas levanta questões críticas sobre o futuro das grandes cidades frente à crise climática.
A crise hídrica e suas consequências
A escassez de água em Teerã não é um problema recente, e os avisos sobre a utilização excessiva dos recursos hídricos têm sido ignorados por muito tempo. A região enfrenta uma severa seca, que agravou ainda mais a situação hídrica. Embora Pezeshkian sugira a possibilidade de importar água do Golfo Pérsico, ele também alerta que isso demandaria altos custos e tempo para implementação.
Dr. Bayes Ahmed, professor associado em Ciência de Risco e Desastres da UCL, afirma que Teerã não é a única cidade enfrentando esses desafios. Comunidades na Índia, Sudeste Asiático, Bangladesh e África também estão lidando com a questão da relocação forçada devido à crise climática. “Muitas comunidades locais estão frequentemente se realocando devido à crise climática, que inclui fatores naturais e humanos”, explicou.
Alternativas e novos rumos para Teerã
O governo iraniano está considerando a região de Makran, no sudeste do país, como um potencial novo lar para a capital. A mudança para essa área poderia aliviar os problemas de superlotação e escassez de água, mas os custos envolvidos e os riscos de segurança apresentados pela região levantam preocupações. Localizada a mais de 1.000 km de Teerã, a Makran não oferece uma solução ideal.
Essa não seria a primeira vez que uma capital é deslocada devido a problemas ambientais. Jakarta, na Indonésia, anunciou planos de mudança após se tornar a cidade que mais afunda no mundo, devido a uma combinação de overpopulação e extração desenfreada de água subterrânea. O governo indonésio planeja a movimentação da capital para Nusantara, que deve ser concluída até 2045.
Possíveis consequências da mudança
Caso a realocação de Teerã se concretize, as consequências serão profundas, não só para a população, mas para a cultura e a história do Irã. A mudança de uma capital envolve uma série de desafios logísticos e sociais que precisam ser cuidadosamente planejados. Também é preciso considerar que uma cidade pode não ser facilmente substituída, pois cada região possui sua própria identidade e história que moldam a vida de suas comunidades.
Por outro lado, a abordagem de opções para garantir a sobrevivência de Teerã e garantir a água potável para a sua população é crucial, especialmente considerando que o reservatório Amir Kabir está operando a apenas 8% de sua capacidade atual e os cortes de água estão se tornando cada vez mais comuns.
Reflexão sobre o papel da sustentabilidade
Há quem defenda que ao invés de apenas pensar em realocar a cidade, é fundamental focar em soluções sustentáveis e no cuidado com os recursos disponíveis. “A mudança climática não é um problema localizado – é um fenômeno global”, continua Dr. Ahmed. Os governos precisam repensar suas políticas e implementar soluções eficazes e sustentáveis. A assinatura do Acordo de Paris em 2015 não foi suficiente para garantir a proteção do nosso planeta, e as cidades precisam urgentemente de adaptações para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.
À medida que enfrentamos essa crise crescente, é importante focarmos em aprender com as experiências de outros países e suas abordagens, para que possamos encontrar maneiras de proteger tanto as cidades quanto os ecossistemas que sustentam a vida. O futuro de Teerã e de muitas outras cidades ao redor do mundo depende das decisões que tomamos hoje.
Se você tem interesse em saber mais sobre como as mudanças climáticas afetam as cidades, não hesite em entrar em contato com nossa redação pelo e-mail [email protected].
