A cúpula do clima COP30, realizada na cidade de Belém, Brasil, terminou sem o plano global de transição de combustíveis fósseis prometido por mais de 80 países, evidenciando os obstáculos à ação efetiva contra o aquecimento global. Apesar de declarações ambiciosas, o evento ficou aquém das expectativas, com compromisso financeiro insuficiente e latente disputa de interesses.
Limites no progresso oficial e a força dos atores não governamentais
Segundo análises recentes, a previsão de que o limite de aquecimento de 1,5°C seja atingido até 2035 depende de uma redução de emissões de aproximadamente 55%, dado que as atuais metas nacionais representam apenas uma fração do necessário, levando a uma projeção de crescimento de cerca de 2,5°C. Nesse contexto, aliados não governamentais como empresas, cidades e organizações da sociedade civil protagonizam avanços significativos.
Durante o evento, foi anunciado um investimento de US$ 1 trilhão por setores privados e públicos em energia limpa e expansão de redes elétricas até 2030, além de mais de US$ 9 bilhões destinados à recuperação de florestas em mais de 110 países, incluindo uma iniciativa histórica de proteção às áreas indígenas, e uma coalizão de financiadores que comprometeu mais de US$ 300 milhões para sistemas de saúde resilientes ao clima.
Colaboração entre convenções ambientais e novo paradigma de saúde planetária
Uma das conquistas marcantes foi a declaração conjunta dos três principais tratados da Rio Conventions — clima, biodiversidade e degradação do solo —, reconhecendo-os como partes de um sistema integrado. Para especialistas, essa mudança sinaliza a adoção de uma abordagem de saúde planetária, que une questões ambientais e de saúde pública em um único esforço coordenado.
Uma nova dinâmica geopolítica e o papel da economia na transição
O evento também revelou uma mudança no cenário político global, com países como Colômbia e Holanda propondo uma conferência internacional em 2026 para elaborar um roteiro justo e baseado na ciência para a eliminação gradual do uso de combustíveis fósseis. Paralelamente, o movimento de mercado favorece rapidamente a energia limpa: tecnologia mais acessível, reeallocação de investimentos e uma valorização crescente de empresas pioneiras na transição baixa em carbono, que já se beneficiam de uma maior confiança do mercado diante de riscos regulatórios e de clima.
Perspectivas e desafios futuros
Embora os obstáculos tenham ficado evidentes, a cúpula de Belém revelou que o núcleo do avanço estão nas ações voluntárias e nos acordos não vinculantes, que mobilizam recursos e esforços multilaterais. Segundo analistas, continuar esse esforço conjunto será crucial para evitar o cenário mais catastrófico do aquecimento global e garantir um futuro mais sustentável para o planeta.
Para mais informações sobre as estratégias globais e locais de combate às mudanças climáticas, consulte o site da TIME ou acesse relatórios de organizações ambientais especializadas.


