Em um triste episódio que ressalta a crescente violência em São José do Rio Preto, Júnia Calixto, de apenas 26 anos, foi brutalmente assassinada a tiros na frente de seus filhos, de dois e quatro anos. O crime, que ocorreu em agosto do ano passado, é mais um capítulo da intensa guerra entre gangues que assola a cidade. Este caso, que chocou a comunidade, destaca a fragilidade da segurança pública e os impactos devastadores da criminalidade nas vidas inocentes.
O crime que chocou a cidade
As câmeras de segurança registraram o momento angustiante em que Júnia é atingida. As imagens mostram o criminoso disparando mesmo após a jovem estar caída no chão, um ato de extrema brutalidade que percorreu as redes sociais e gerou indignação. De acordo com testemunhas, Júnia foi assassinada por vender drogas em uma área dominada pelo grupo rival, próximo ao ponto de tráfico controlado por Kalyson Signorini de Angelo Macedo, de 20 anos, atualmente preso e apontado como responsável pela ordem de homicídios na região.
Após o assassinato, a câmera de segurança foi virada, uma tentativa clara de impedir a identificação dos suspeitos. As investigações da polícia apontam que o autor dos disparos foi Roberto Antônio Brito de Souza, conhecido como “Juninho da Baiana”. Ele não estava sozinho: ao seu lado estava José Guilherme Lousano Júnior, apelidado de “Escovão”, que pilotava a moto utilizada na execução. A impunidade e a falta de respeito pela vida estão entrincheiradas nesse contexto de crime organizado.
Conseqüências da violência
Os homicídios em São José do Rio Preto não se limitam apenas a gangues e envolvidos no tráfico de drogas. Muitas vezes, pessoas inocentes se tornam vítimas da violência desenfreada que toma conta da cidade. Um exemplo claro disso é Michael Oliveira da Silva, um trabalhador da construção civil de 24 anos, morto em frente à sua casa em julho de 2021, sem qualquer ligação com o crime organizado. Michael deixou uma comunidade em luto, que decidiu homenagear sua memória dando seu nome a uma rua.
Da mesma forma, uma jovem gestante, que não será identificada, foi atingida por uma bala perdida e passou 30 dias sem conseguir andar. Em um relato comovente, ela compartilhou como os efeitos do tiroteio mudaram sua vida. “Hoje em dia eu não gosto nem de barulho de estouro ou de fogos. Me assusto com estouro, não gosto mesmo. As sequelas são profundas e permanentes”, comentou a jovem, que se viu privada de atividades simples que antes apreciava, como correr e usar salto. A violência não afeta apenas as vítimas diretas, mas também toda a rede de relacionamentos e a qualidade de vida em comunidade.
A guerra entre gangues na cidade
A lógica que direciona os homicídios em São José do Rio Preto é clara: espalhar medo e manter controle sobre o tráfico de drogas. As autoridades policiais relatam que esses ataques se tornam cada vez mais drásticos, com muitos inocentes perdendo a vida. A pesquisa e o levantamento de dados sobre esses crimes revela uma realidade alarmante: os ataques muitas vezes não levam em consideração a presença de pessoas alheias ao tráfico, demonstrando um desprezo absoluto pela vida humana.
O fenômeno da guerra entre gangues apresenta um desafio crescente para a segurança pública. Os habitantes de São José do Rio Preto clamam por mais proteção e medidas eficazes para combater essa epidemia de violência. O Estado precisa adotar estratégias que não somente tratem os sintomas, mas que também abordem as causas profundas deste problema, garantindo um futuro mais seguro para as futuras gerações.
Enquanto isso, a memória de vítimas como Júnia Calixto, Michael Oliveira e tantos outros permanece viva, lembrando-nos da necessidade urgente de desistir dessa lógica de violência e violência a que estamos expostos. O clamor é por ação, justiça e, acima de tudo, uma paz duradoura para todos os cidadães.
Os desdobramentos dessa história continuam e a sociedade se pergunta: até quando essa guerra de gangues seguirá ceifando vidas e causando dor?


