Um desentendimento entre membros do diretório nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) ganhou destaque nas redes sociais e nas discussões internas do partido. O conflito se intensificou depois que o presidente da Câmara, Hugo Motta, anunciou, na última segunda-feira, que cortou relações com o líder do PT na Casa, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ). A troca de farpas entre os líderes reflete não apenas um embate pessoal, mas também uma crise mais profunda dentro da sigla, especialmente em um momento delicado para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Causas da discórdia
A briga se iniciou em um grupo de WhatsApp, onde o atual prefeito de Maricá, Washington Quaquá, lançou críticas diretas a Lindbergh Farias. Quaquá acusou o colega de partido de estar mais preocupado em “ganhar votos do aquário da classe média” do que efetivamente apoiar o governo. Essa declaração veio à tona após Lindbergh ter classificado a atitude de Motta como “imatura”, reforçando a ideia de que a relação entre o governo e a presidência da Câmara estava desgastada.
Na mensagem enviada ao grupo, Quaquá enfatizou que um líder do partido que briga com o presidente da Câmara pode não estar realmente buscando contribuir para o avanço das pautas governamentais. Ele argumentou que essa atitude poderia ser uma tentativa de se alçar politicamente em vez de verdadeiramente lidar com os interesses do conjunto do partido.
Reações e apoio
As críticas de Quaquá não ficaram sem resposta. Outro membro do diretório, o ex-deputado Geraldo Magela (PT-DF), manifestou apoio ao líder Lindbergh, ressaltando que todos os líderes têm enfrentado obstáculos na relação com Motta. Magela destacou que, conforme conhecimento do funcionamento do Congresso, enfrentar Motta é um papel inevitável do líder do PT, sugerindo que a abordagem de Lindbergh é, portanto, necessária e legítima.
Enquanto Quaquá procurava criticar Lindbergh, o deputado se viu amparado por outros integrantes do partido que reconheceram a complexidade do papel desempenhado pelos líderes na atual situação política. A tensão entre os dois foi acirrada também por disputas mais amplas que têm se estendido dentro do PT, especialmente à medida que a definição de candidaturas para as eleições de 2026 se aproxima.
O cenário das eleições de 2026
Um dos fatores centrais da disputa interna no PT reside na definição das candidaturas para o Senado em 2026. O grupo próximo a Lindbergh manifesta apoio à deputada Benedita da Silva, enquanto Quaquá já expressou interesse em apoiar o sambista Neguinho da Beija-Flor como candidato. Essa tensão entre os diferentes segmentos do partido culmina em um cenário de intriga e incerteza, que colide diretamente em um contexto pré-eleitoral.
A relação com Hugo Motta
A relação deteriorada entre motta e Lindbergh foi explicitamente discutida na mídia, com Motta expressando que o líder do PT age de forma errática e que suas atitudes podem dificultar o governo de Lula, ampliando a crise de confiança entre a presidência da Câmara e o executivo.
Lindbergh, ao comentar a situação, indicou que o problema não é apenas sobre suas ações, mas também sobre as decisões tomadas por Motta. O líder do PT criticou o modo como Motta lidou com pautas cruciais, como a PEC da Blindagem, e a escolha de relatores para matérias governamentais delicadas, mostrando que as divergências são sintomas de um conflito mais amplo entre os dois lados.
Consequências para o governo Lula
A desavença entre Lindbergh e Hugo Motta ocorre em um momento já turbulento para o governo Lula. No mesmo dia das trocas de acusações, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), também indicou um rompimento com o líder do governo na Casa, o senador Jaques Wagner (PT-BA), criando uma sensação de instabilidade no relacionamento entre as diferentes esferas do governo e do Congresso.
O embate entre os liderados do PT sublinha uma preocupação crescente com a viabilidade do governo Lula em um cenário repleto de divisões internas e pressões externas. Assessores e comentaristas políticos ponderam que esse tipo de crise, que envolve figuras fundamentais dentro do partido, pode afetar diretamente a capacidade de governar e implementar as políticas públicas promessas nas últimas eleições.
À medida que as tensões continuam, a expectativa é de que o PT busque encontrar uma forma de unidade, ao menos temporária, para enfrentar os desafios que se aproximam com as eleições e os compromissos legislativos em jogo.



