Interlocutores do governo brasileiro afirmam que, após a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro na manhã do último sábado, obter a suspensão das sanções aplicadas pelos Estados Unidos se tornou ainda mais difícil. Apesar do impasse, há expectativa de que Washington não pretenda adotar novas medidas punitivas, a menos que Donald Trump tome alguma iniciativa inesperada.
Negociações em andamento e cenário atual
O Brasil tem aguardado uma resposta dos Estados Unidos ao pedido de suspensão temporária da tarifa de 40% — conhecido como tarifaço — enquanto mantém conversas abertas sobre o tema. A proposta brasileira, enviada a Washington em 3 de novembro, também inclui a reversão das sanções contra autoridades brasileiras, como o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Reações internacionais à prisão de Bolsonaro
No sábado, o vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, chamou a prisão de Bolsonaro de “provocativa e desnecessária”, criticando Moraes, responsável pela detenção. Landau também afirmou que Moraes é um “violador de direitos humanos” em suas redes sociais. Para membros do governo Lula, Landau foi usado para atacar Moraes em uma tentativa de agradar a base republicana.
Proximidade nas negociações e expectativas
O Brasil busca um acordo que possa encerrar a sobretaxa ou ao menos ampliar as isenções existentes. O chanceler Mauro Vieira manteve contatos frequentes com o senador Marco Rubio, que trata do tema com Washington, incluindo uma reunião há cerca de duas semanas. Os EUA prometem enviar uma resposta ao Brasil em breve.
Desenvolvimentos recentes e avanços específicos
Na última quarta-feira, Donald Trump assinou uma ordem executiva que retirou 238 itens do tarifaço de 40%, incluindo produtos como café e carne bovina, representando cerca de 10% das exportações brasileiras para os EUA. Apesar dessas isenções, 22% das exportações brasileiras ainda estão sob o tarifaço total, de 50%, e outras 15% permanecem sujetas apenas às tarifas de 10%, como aviões.
Perspectivas para o futuro
Para alcançar um acordo, o Brasil pode precisar fazer concessões em áreas como regulação de grandes empresas de tecnologia, acesso a minerais estratégicos, propriedade intelectual, conteúdo local e políticas de incentivos. As negociações envolvem uma série de concessões que visam destravar tanto o impasse do tarifaço quanto as sanções relacionadas à prisão de Bolsonaro.
De acordo com análises, a questão das sanções e tarifas deve seguir sendo uma prioridade na agenda diplomática, enquanto o governo brasileiro tenta moldar uma solução que equilibre interesses comerciais e políticos. As negociações continuam com o envolvimento direto dos líderes de ambos os países em busca de uma resolução favorável.


