Racismo é uma forma de discriminação que atinge diversas esferas da vida, deixando marcas profundas, especialmente na infância. As ofensas, os insultos e a exclusão social podem ter consequências duradouras para as crianças, afetando seu desenvolvimento emocional e social. Apesar de ser um tema que deveria receber maior atenção, o preconceito racial ainda é muito presente nas escolas e comunidades brasileiras.
A luta contra o racismo e sua representatividade
O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, representa a luta por igualdade racial e a importância de reconhecer e valorizar a história dos negros no Brasil. Essa data é uma oportunidade para refletir sobre os desafios enfrentados por muitas crianças que, desde cedo, lidam com o racismo, tanto nas escolas quanto em ambientes sociais.
Uma mãe que prefere se manter anônima compartilha sua experiência ao ver a filha, de apenas sete anos, sofrer preconceito devido à sua aparência: “Ela ainda não consegue arrumar o cabelo sozinha e, quando as crianças notam, começam a comentar. Isso me deixa impotente”, relatou.
Outro exemplo é Marina Ceneviva Nigro, de 12 anos, que conviveu com ofensas relacionadas ao seu cabelo e pele. “Fiquei chateada e angustiada. Quando contei para minha família, senti como se tirasse um peso”, contou a adolescente, ressaltando a importância de discutir abertamente esses temas em busca de um ambiente mais acolhedor.
O impacto do racismo no desenvolvimento infantil
O racismo não é apenas uma questão individual, mas uma violência que envolve estruturas sociais e familiares. O tema ganhou destaque após um pai, José Eduardo de Castilho, denunciar a discriminação que seu filho, de dez anos, vem sofrendo na escola, onde é chamado de nomes pejorativos. Ele expressou a dificuldade de lidar com a situação: “É revoltante. Só quem passa por isso sabe a dor que é ser pai e ver seu filho sofrer”, lamentou.
Essa realidade é compartilhada por muitos, e é fundamental que a sociedade reconheça o problema: “Nomear essa situação como racismo é o primeiro passo para enfrentá-lo”, explica a psicóloga Juliana Prates, ressaltando a necessidade de discutir abertamente o tema.
Educação como ferramenta de combate ao preconceito
Um dos caminhos mais efetivos para reduzir o preconceito racial é a educação. A Lei 10.639, de 2023, que prevê a inclusão da cultura afro-brasileira nos currículos escolares, é uma tentativa de promover a mudança. Uma escola em São José do Rio Preto, por exemplo, tem enfrentado as dificuldades introduzindo atividades extracurriculares que abordam o racismo desde o primeiro ano do ensino fundamental.
A coordenadora pedagógica Ana Maria Gomyde explica que as rodas de conversa e as atividades, como saraus de poesia, ajudam os alunos a tirar dúvidas e a discutir a importância do respeito à diversidade: “Nós surpreendemos com as contribuições que eles trazem, e essa voz é fundamental para o processo de aprendizado”, afirma.
Josiane Melo, mãe de um aluno que também foi vítima de racismo, contou que a interação com a equipe escolar foi essencial para lidar com a situação. “Ao compartilhar minha experiência, ensinei a importância de se empoderar e apreciar a diversidade”, afirmou.
Promovendo empatia e respeito desde a infância
Para combater o racismo, o desenvolvimento da empatia é fundamental. Como a diretora da escola, Vanessa Cristina Pavezi, destaca: “A escola é um espaço que pode ser de violência, mas também deve ser um lugar de proteção e aprendizado”. Ela acredita que tratar a questão do racismo é um passo essencial para garantir um futuro onde as crianças cresçam respeitando a diversidade.
Em um ambiente escolar que promove a educação antirracista, as crianças aprendem a importância de respeitar e valorizar as diferenças: “Quando adultos, podemos ensinar outras crianças a espalhar essa cultura de respeito pelo mundo”, afirma um dos alunos, mostrando que a conscientização pode ser uma forma de mudar realidades e prevenir dores futuras.
O racismo, infelizmente, pode começar na infância, e é vital que a sociedade reconheça sua gravidade. Tanto as instituições educacionais quanto os familiares devem se unir na luta contra essa forma de discriminação, promovendo um ambiente mais justo e empático para todos.
Com essa consciência, é possível não apenas cuidar das feridas invisíveis deixadas pelo racismo, mas também construir um futuro mais saudável e acolhedor para todas as gerações.


