A defesa do almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha do Brasil e condenado a 24 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira, 24 de novembro, com embargos infringentes. A defesa busca a anulação do processo, a absolvição total do militar e, de forma subsidiária, a revisão da pena aplicada no julgamento. Essa ação chega à Suprema Corte como a última alternativa recursal antes da execução definitiva da pena.
Trâmites legais e alegações da defesa
O prazo para a apresentação do segundo embargo de declaração expirou logo no mesmo dia em que o recurso foi protocolado, mostrando a urgência que a defesa atribuía à sua solicitação. Os advogados sustentam que o recurso cumpre todos os requisitos do Regimento Interno do STF. Eles afirmam que a decisão da Primeira Turma não foi unânime, já que houve um voto divergente que absolveu integralmente Garnier, e que o recurso foi apresentado dentro do prazo estipulado.
O principal pedido da defesa é que o STF reconheça a incompetência da Corte para processar e julgar o caso em questão, solicitando que os autos sejam encaminhados à primeira instância da Seção Judiciária do Distrito Federal, onde acreditam que o processo deveria inicialmente ter sido movido.
Caso essa preliminar não seja aceita, os advogados pedem que o STF absolva Garnier, com base no voto divergente apresentado anteriormente. Nesse cenário, solicitam a suspensão de todos os efeitos penais e extrapenais decorrentes da condenação, incluindo a revogação de eventuais medidas restritivas impostas ao almirante.
Pena e condenação de Garnier
Em caráter subsidiário, caso algum aspecto da condenação seja mantido, a defesa requer a revisão da dosimetria da pena. Eles alegam que houve ilegalidades na aplicação dos critérios previstos nos artigos 59 e 68 do Código Penal. A condenação total do ex-comandante é composta por 21 anos e seis meses de reclusão, além de 2 anos e seis meses de detenção, e 100 dias-multa.
Contexto da condenação
O almirante Garnier foi julgado junto a outras figuras proeminentes, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, todos acusados de envolvimento em uma tentativa de golpe. Para a Procuradoria-Geral da República (PGR), esses líderes formavam o núcleo central da trama golpista. Entre os outros nomes citados estão Alexandre Ramagem e Anderson Torres, ambos com papéis importantes na disseminação de informações e na formulação de planos para questionar a legitimidade eleitoral após o resultado das eleições.
A importância do caso para a Justiça no Brasil
Esse caso é emblemático e desperta discussões sobre o estado atual da democracia no Brasil, especialmente em tempos de polarização política. A repercussão da condenação de Garnier e seus aliados demonstra a complexidade das relações entre altos comandos militares e instâncias da Justiça, além de abrir um amplo debate sobre a segurança das instituições e a defesa do sistema democrático.
A análise do STF sobre os embargos infringentes pode ter consequências profundas, não apenas para o almirante, mas para a credibilidade do sistema judicial brasileiro como um todo. Como as ações dos próximos dias se desenrolarão, o Brasil aguarda por um desfecho que, independentemente do resultado, influenciará o cenário político e judicial futuramente.
A condenação de figuras centrais na história recente do Brasil, que ocupam ou ocuparam altos cargos, sublinha a necessidade de instituições sólidas e a importância de processos legais transparentes e imparciais. A pressão pública e a vigilância contínua serão essenciais enquanto o STF analisa esse delicado caso.


