O clima no Senado tem se tornado cada vez mais tenso, especialmente após a recente indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF). O líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA), confirmou que a relação entre ele e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), ficou abalada devido a um “erro de comunicação” que envolveu o anúncio da escolha de Messias. Em entrevista à Globo News, Wagner revelou que, diante desse contexto, não vê perspectiva de votar a indicação ainda em 2025.
Tensões entre Wagner e Alcolumbre
As desavenças iniciaram logo após o anúncio de Lula sobre a indicação de Messias, o que incomodou Alcolumbre. Segundo fontes próximas ao senador, ele não foi consultado previamente, e a forma como o processo foi conduzido não agradou a maioria dos senadores, que preferia o nome de Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Para Wagner, o embate deve ser tratado com calma. “Há uma tensão muito grande… É um momento de esfriar a situação e conversar individualmente com cada senador”, comentou.
A importância do voto secreto
Em sua entrevista, Wagner também destacou que o voto dos senadores é secreto e que não aposta em resultados nesse contexto. “O voto secreto pode ajudar quem queira ajudar ou atrapalhar. A abordagem deve ser feita com humildade”, enfatizou. O líder do governo ressaltou a importância do diálogo para a reconstrução das relações pessoais no Senado, que historicamente foram boas entre ele e Alcolumbre.
Erro de comunicação e expectativas frustradas
O descontentamento de Alcolumbre com a forma como o anúncio foi feito é um fator chave para a tensão atual. Wagner esclareceu que nem ele nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva informaram Alcolumbre sobre a data do anúncio. “Um membro do meu gabinete deu uma informação equivocada a um jornalista, que alegou que eu teria conversado com Alcolumbre”, explicou. Essa informação gerou expectativas frustradas que contribuíram para o mal-estar.
Wagner, ao ressaltar a relação construída ao longo dos anos entre ele e Alcolumbre, expressou esperança de que os dois consigam retomar um diálogo normal. “Espero que esse mal-estar possa ser superado e que voltemos a ter conversas naturais”, afirmou.
Desafios para a aprovação de Jorge Messias
A aprovação de um novo ministro do STF nunca é um processo simples e, diante do ambiente hostil, Wagner destacou que o próprio presidente Lula poderá precisar se envolver diretamente com senadores para garantir apoio à indicação de Messias. “Nunca há folga nos votos para aprovação. A tendência é um cenário difícil, e o presidente tem conhecimento disso”, declarou.
Wagner ainda mencionou que somente no dia da votação será possível prever como será a recepção da indicação pelo plenário do Senado: “É um trabalho que deve ser feito, e o presidente está atualmente fora do país, mas talvez volte para conversar com os senadores”. Ele lembrou que, historicamente, muitas indicações passaram com margens muito apertadas, indicando que o clima para Messias não será diferente.
Expectativas para a votação no Senado
“A votação para a indicação de Jorge Messias será um desafio. Já vimos que muitas nomeações que passaram pelo Senado foram aprovadas com margens muito estreitas de votos. Um resultado favorável para Messias pode ser uma luta constante”, concluiu Wagner, acentuando a necessidade de articulação e trabalho conjunto para superar as dificuldades.
Com as tensões entre Wagner e Alcolumbre e as incertezas sobre a aprovação de Messias, o cenário político continua em estado de alerta, ж и o tempo se esgota para a votação em um ano eleitoral.
Fonte: O Globo



