Na última segunda-feira (24), Dia Nacional do Rio, pescadores ficaram alarmados ao encontrar inúmeros peixes mortos no Rio Poti, na Zona Leste de Teresina. O empresário Maurício Chaves, que realiza passeios recreativos pelo rio, registrou a triste cena em vídeo e expressou sua indignação ao portal g1: “No Dia do Rio, a gente não tem nada para comemorar. Tá na hora da gente dar um basta nisso aqui.”
Causas da morte dos peixes no Rio Poti
De acordo com o biólogo e professor Caio Frederico, a morte dos peixes é um reflexo da eutrofização, um processo caracterizado pelo aumento excessivo de compostos orgânicos e inorgânicos na água. “Esses compostos geralmente vêm de despejo de esgoto não tratado, de dejetos de animais via pecuária, resíduos de fertilizantes. Quanto maior o aumento de compostos no rio, mais o processo vai se desenvolvendo”, afirma Caio.
A situação é agravada pelo período de seca, que concentra a poluição e intensifica os efeitos nocivos na fauna aquática. “O alerta é claro: os aguapés já indicam níveis altos de eutrofização no rio, suficientes para causar a morte dos peixes”, complementa o biólogo.
O impacto da poluição no ecossistema
A morte dos peixes no Rio Poti não é apenas um evento isolado, mas uma manifestação de um problema ambiental mais abrangente. O ecossistema aquático está sofrendo, e a comunidade precisa entender a gravidade da situação. A conscientização é uma ferramenta vital para promover ações que visem a recuperação das águas.
Medidas para a recuperação do rio
Para reverter os danos causados pela eutrofização, o professor Caio Frederico sugere várias medidas a serem adotadas. A remediação deve ser um processo planejado a longo prazo, e algumas ações práticas podem ser implementadas imediatamente:
- Redução de compostos químicos: É crucial diminuir a quantidade de compostos orgânicos e inorgânicos que são despejados no rio.
- Tratamento de esgoto: A eliminação do despejo de esgoto não tratado é fundamental para a recuperação das águas. Sistemas de esgoto adequados devem ser uma prioridade para a cidade.
- Conscientização comunitária: Promover campanhas informativas pode ajudar a população a entender a importância de preservar o ambiente e de tratar adecuadamente os resíduos provenientes de criações de animais.
- Uso responsável de fertilizantes: O manejo adequado dos fertilizantes em plantações próximas ao rio é essencial para evitar a contaminação das águas.
- Biorremediação: A retirada dos aguapés, que podem filtrar parte da sujeira, é uma das ações que podem ser feitas para contribuir com a saúde do rio.
“Fazer a retirada deles, para que novas plantinhas consigam filtrar mais, é uma biorremediação. Mas isso é um trabalho de formiguinha”, destaca Caio, enfatizando que cada pequena ação conta para a recuperação do ecossistema.
A urgência de agir
Com os incidentes recentes de morte de peixes, a situação do Rio Poti não pode ser ignorada. É fundamental que a sociedade e as autoridades se unam para encontrar soluções que garantam não apenas a recuperação do rio, mas a saúde de toda a região. O Dia Nacional do Rio deve ser um lembrete não apenas da beleza das nossas águas, mas também da responsabilidade que temos em protegê-las.
A preservação dos nossos recursos hídricos é um legado que devemos deixar para as futuras gerações. A crise no Rio Poti é um chamado à ação urgente, e cada um de nós pode contribuir para um futuro mais sustentável. Somente com conscientização e ações efetivas conseguiremos restaurar a vida ao nosso precioso Rio Poti.
*Eduarda Barradas, estagiária sob supervisão de Lucas Marreiros.


