Brasil, 25 de novembro de 2025
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Bolsonaro se defende de violação de tornozeleira por efeitos de medicamentos

Ex-presidente alega problemas de saúde mental em audiência após prisão preventiva.

Em uma audiência de custódia realizada no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro se defendeu da violação de sua tornozeleira eletrônica, afirmando que a “alucinação” e uma “certa paranoia” foram originadas por efeitos colaterais de medicamentos que estava tomando. A declaração foi proferida após a prisão preventiva ser decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, que se baseou na violação do dispositivo de monitoramento para determinar a transferência do ex-mandatário para a Superintendência Regional da Polícia Federal.

A situação médica de Bolsonaro e os medicamentos

Durante a audiência por videoconferência, Bolsonaro alegou que estava sob o efeito de dois medicamentos — pregabalina e sertralina — que lhe causaram transtornos mentais. O ex-presidente declarou que começou a tomar a pregabalina, um anticonvulsivante utilizado frequentemente para tratar episódios de ansiedade, apenas quatro dias antes do incidente com a tornozeleira. Ele também mencionou que não estava sob a supervisão de sua equipe médica habitual ao ser receitado por uma médica diferente.

De acordo com a ata da audiência, Bolsonaro citou uma “certa paranoia” e uma “alucinação” em relação ao uso de seu aparelho de monitoramento. A psiquiatra Natalia Travenisk Hoff, consultada para esclarecer os efeitos dos medicamentos, explicou que embora a sertralina possa, em raros casos, causar alucinações e agitação, isso acontece em menos de 2% dos pacientes. A pregabalina também pode induzir a desorientação e confusão, mas esses efeitos são igualmente limitados a uma pequena fração dos usuários.

Defesa e alegações em torno da prisão

Após o depoimento, a defesa de Bolsonaro utilizou sua condição mental como argumento para solicitar a revisão da prisão preventiva. No pedido apresentado, a equipe jurídica destacou que a confusão mental poderia ter sido induzida pelos medicamentos prescritos sem a devida comunicação aos profissionais que acompanhavam o ex-presidente.

Além disso, os médicos que atendem Bolsonaro relataram que a interação da pregabalina com outros medicamentos que ele já utiliza pode causar uma série de efeitos colaterais, incluindo confusão mental e alucinações. A equipe médica ressaltou que a pregabalina foi “suspensa imediatamente” após a avaliação do quadro clínico do ex-presidente, que não apresenta sintomas residuais no momento.

A violação da tornozeleira eletrônica

O ex-presidente admitiu ter utilizado um ferro de solda para tentar separar a parte da tornozeleira que informa sua localização, alegando que agiu por “curiosidade” e que não tinha intenção de fuga. Durante a audiência, ele afirmou que estava sozinho ao realizar o ato, com sua família dormindo na casa. No entanto, o vídeo gravado pela Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal contradiz essa versão.

Bolsonaro afirmou que a violação foi iniciada na noite de sábado e interrompida quando ele “caiu na razão”. No entanto, no momento da verificação da violação, ele havia dado uma versão diferente aos agentes presentes, sinalizando um possível deslize em seus testemunhos.

Visitas e rotina na prisão

Após a audiência, o ex-presidente recebeu a visita da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que ficou no local por quase duas horas. Moraes autorizou visitas de familiares com horários específicos, permitindo duas pessoas por dia, sempre nos dias estabelecidos. Apesar das restrições na rotina, Bolsonaro optou por uma alimentação mais leve durante os primeiros dias na prisão, evitando os itens oferecidos pela Polícia Federal.

Com a audiência, fica evidente que os desdobramentos da situação envolvem não apenas a legalidade das ações de Bolsonaro, mas também suas condições de saúde e a influência dos medicamentos prescritos sobre sua mente e comportamento, assim como o impacto das decisões judiciais sobre sua liberdade. O julgamento das alegações da defesa e as intervenções da Justiça ainda devem desempenhar um papel crucial na trajetória do ex-presidente nos próximos dias.

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