O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta uma situação desafiadora em seu terceiro mandato, caminhando para 2026 em um clima de tensão com os líderes das duas casas do Congresso Nacional. O petista, em sua tentativa de impor sua agenda, entrou em conflito com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), no que se refere ao polêmico PL Antifacção. Além disso, está decidido a medir forças com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), acerca da próxima indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A relação entre o governo e o Congresso
Os atritos começaram a se intensificar quando, em várias ocasiões, Lula viu-se obrigado a buscar apoio no Senado após a Câmara barrar propostas importantes. Um exemplo foi a anistia ao 8 de Janeiro, tema que não avançou devido à oposição de Alcolumbre. Em outra situação, quando a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil encontrou resistência na Câmara, coube ao Senado pressionar pela aprovação de um texto semelhante, revelando a fragilidade das relações entre o Planalto e o Congresso.
Atualmente, o clima de competição entre os líderes políticos se torna cada vez mais evidente, com Motta fazendo críticas públicas ao governo por conta da posição de Lula em relação ao PL Antifacção. Originalmente idealizada pelo Planalto, a proposta passou a ser contestada pelo presidente da Câmara, que entregou a relatoria ao opositor Guilherme Derrite (PP-SP).
Medidas e consequências para o governo
Essa disputa pela relatoria e as declarações de Motta sobre o governo refletiram uma “quebra de confiança”, segundo o líder petista na Câmara, Lindbergh Farias (RJ). Ao mesmo tempo, Motta utilizou as redes sociais para afirmar que o governo havia cometido um erro ao se opor ao projeto, intensificando a tensão.
Curiosamente, o clima ruim entre Lula e Motta foi “amenizado” por Alcolumbre, que atribuiu a relatoria do PL no Senado a um nome considerado equilibrado e que busca atender as demandas do governo. Entretanto, a relação complicada com Alcolumbre emergiu quando Lula decidiu indicar Jorge Messias, atual advogado-geral da União, ao STF, o que desagradou o senador.
Indicação de Jorge Messias ao STF e suas repercussões
Na última quinta-feira (20/11), Lula formalizou a indicação de Messias ao STF, o que provocou descontentamento em Alcolumbre. O senador já manifestou sua intenção de votar contra a escolha do advogado devido à sua preferência pelo ex-aliado Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Informações de fontes próximas ao senado indicam que Lula não se comunicou diretamente com Alcolumbre para avisá-lo sobre a indicação, o que gerou ainda mais hostilidade no cenário político.
A luta pela aprovação do Orçamento de 2026
Com a discussão sobre o Orçamento de 2026 se aproximando, o clima de tensão tende a se intensificar. A luta por emendas parlamentares coloca o Legislativo em desacordo com o Executivo, que busca rever a obrigatoriedade de pagamentos, enquanto o Congresso deseja impor um calendário para a liberação desses recursos. O papel do STF, que frequentemente atua como mediador em conflitos entre o governo e o Congresso, se torna ainda mais relevante nesse momento. Durante sua atuação como AGU, Messias já orientou o governo a recorrer ao STF em disputas anteriores.
A situação atual do presidente Lula reflete não apenas conflitos pessoais, mas também uma complexa teia de relações políticas que moldam o ambiente democrático no Brasil. À medida que as tensões entre o Planalto e o Congresso se acirram, resta saber como essas disputas afetarão não apenas a agenda do governo, mas também o futuro político do presidente até 2026.

