Brasil, 25 de novembro de 2025
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O que a filosofia pode ensinar sobre a parentalidade

Reflexões filosóficas podem transformar nossa forma de perceber e exercer a parentalidade, promovendo uma educação mais consciente e moral.

Na autobiografia Confissões, o teólogo e filósofo africano-contemporâneo Agostinho de Hipona rememora sua infância, incluindo momentos de roubos por prazer e comportamentos impulsivos. Essas lembranças revelam que crianças, até os mais pequenos, podem exibir comportamentos considerados morais, como ganância ou intolerância, desafiando paradigmas atuais de educação.

As lições filosóficas sobre comportamento infantil

Recentemente, o antropólogo David Lancy cunhou o termo “neontocracia” para descrever uma postura ocidental onde as crianças são tratadas como uma categoria social à parte, protegidas de julgamentos adultos e valorizadas por sua individualidade. Essa abordagem, presente na frase “cada criança é única” ou na tendência do parenting “liderado pelo bebê”, afirma que as emoções infantis são respostas fisiológicas, interpretando-as como simples disfunções neurológicas.

O risco de ignorar a moralidade infantil

Contudo, essa visão negligencia que emoções não podem ser dissociadas do entendimento que a criança tem do mundo. Quando uma criança chora de frustração ou raiva, ela já interpreta a razão dessas emoções, e a forma como os adultos respondem a esses sentimentos pode moldar sua capacidade de compreensão e controle emocional no futuro.

Para o psicólogo Wilfred Bion, as primeiras respostas dos pais às emoções dos filhos — autorizando ou criticando comportamentos — constituem o que ele chama de “a alfa-função”: transformar sensações brutas em pensamentos significativos, fundamento da nossa capacidade de pensar e regular emoções mais complexas na vida adulta.

O papel do entendimento na formação moral infantil

Assim, ensinar às crianças o que éjusto, injusto, aceitar limites ou respeitar o próximo não deve ser evitado por medo de prejudicar sua autenticidade. Pelo contrário, é justamente nesse diálogo que elas aprendem a construir uma moralidade própria e a desenvolver empatia, valores essenciais desde a infância.

Ignorar a dimensão moral na educação pode levar a uma compreensão superficial das emoções ou a uma postura de neutralidade que, na prática, é potencialmente perigosa. Afinal, quem desejamos que nossos filhos se tornem? Pessoas capazes de discernimento moral ou apenas indivíduos reativos às próprias emoções?

A filosofia como guia na formação de uma parentalidade consciente

Para refletirmos sobre essa questão, a filosofia nos ensina que o desenvolvimento moral e emocional de uma criança nasce do entendimento mútuo, do diálogo contínuo e do reconhecimento de que emoções são parte significativa de nossa compreensão do mundo e de nós mesmos.

Portanto, criar um filho exige uma visão que vá além das tendências de moda parental ou do agradar incessante. É preciso ter uma meta clara de quem se quer formar: indivíduos capazes de refletir, de agir com justiça e de comunicar seus sentimentos de forma saudável.

Como afirmou Agostinho, ao reconhecer suas próprias falhas na infância, a educação moral deve partir do reconhecimento e da compreensão do comportamento humano — uma lição central que a filosofia continua a nos oferecer na educação dos próximos gerações.

Para aprofundar-se nesse tema, leia a análise completa em TIME.

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