Nos últimos dois meses, nomes como Sam Altman, Jeff Bezos, Elon Musk, Jensen Huang e Google discutem uma ideia audaciosa: criar data centers no espaço para atender à crescente demanda energética e de resfriamento da inteligência artificial (IA).
O impulso por infraestrutura espacial de dados e energia solar
A maior preocupação é o enorme consumo energético dos data centers terrestres, que já representa até 4% da eletricidade mundial, com projeções de aumento de 165% até 2030, segundo o Goldman Sachs. Para solucionar esse gargalo, a ideia central é aproveitar a energia solar contínua no espaço, onde a luz solar é abundante e constante, eliminando a intermitência terrestre.
Vantagens do espaço para data centers
Entre os benefícios, destaca-se o resfriamento natural dessas instalações, por meio do vácuo espacial, que permite a dissipação de calor por radiação infravermelha, reduzindo o uso de água e recursos de refrigeração convencionais. Além disso, a disponibilidade 24 horas de energia solar intensificada faria do espaço uma plataforma ideal para centros de processamento de dados.
Investimentos e avanços tecnológicos
Empresas como a americana Starcloud, em parceria com Nvidia, já planejam colocar em órbita, ainda neste ano, satélites que funcionam como data centers. Essa iniciativa visa uma economia de até dez vezes na energia consumida em comparação com soluções terrestres, apesar dos custos de lançamento.
Elon Musk aposta na expansão da infraestrutura espacial com os satélites Starlink V3, que usam links a laser de alta velocidade. O empresário acredita que, com sua experiência em foguetes, lançamentos e comunicações, a implementação de grandes data centers orbitais será uma questão de tempo.
Desafios técnicos e econômicos
Apesar do otimismo, especialistas alertam para obstáculos como a manutenção remota, Radiação elevada, detritos espaciais e o alto custo de exploração. Gabriel Yamato, diretor da startup brasileira Pion Labs, afirma que esses projetos estão em estágio embrionário, restritos a estudos e experimentos, com a viabilidade econômica ainda sendo avaliada.
Perspectivas futuras e o papel das big techs
A adesão das grandes empresas de tecnologia está transformando a ideia de uma estratégia futurista em uma aposta concreta. Segundo Lucas Fonseca, engenheiro espacial, o preço acessível ao espaço e o avanço tecnológico impulsionam essa corrida, com startups e gigantes do setor investindo em satélites com capacidade de processamento eficiente.
Além disso, empresas como a Google investem em projetos como o “Suncatcher”, que visa lançar chips de IA em satélites movidos a energia solar, enquanto Jeff Bezos planeja construir grandes data centers orbitais em um prazo de 10 a 20 anos com a Blue Origin. A SpaceX também lidera o setor com os satélites Starlink V3, que usam tecnologia a laser para conectar redes de alta velocidade no espaço.
O futuro dos data centers espaciais
Embora ainda enfrentem desafios técnicos e de custo, os projetos demonstram um avanço progressivo na exploração de novas fronteiras para infraestrutura digital. Como explica o engenheiro Bruno Mattos, do Centro Espacial do ITA, o desenvolvimento de satélites com maior capacidade de computação e menor consumo de energia é um passo importante, mesmo que ainda estejam na fase de estudos conceituais.
O movimento em direção aos data centers espaciais revela uma transformação na infraestrutura tecnológica global, impulsionada pela necessidade de soluções mais sustentáveis e eficientes para a expansão da IA e do processamento de dados em escala planetária.
Fonte: O Globo


