À margem da COP30, o arcebispo dom Giambattista Diquattro, Núncio Apostólico no Brasil e Chefe Adjunto da Delegação da Santa Sé na conferência, compartilha detalhes sobre o trabalho da delegação em Belém e suas iniciativas para enfrentar a crise climática.
Presença da Santa Sé na COP30
A Santa Sé conta com uma delegação oficial de 10 pessoas na COP30 em Belém, liderada pelo cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin. Parolin não apenas transmite uma mensagem robusta do Santo Padre, mas também lança um apelo para que todos se comprometam a enfrentar sem hesitação os desafios impostos pelas mudanças climáticas. “A presença do cardeal demonstra a seriedade e o empenho da Santa Sé em contribuir para esse debate crucial”, afirma dom Giambattista Diquattro.
A delegação, que inclui membros de diversas instituições da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano, valoriza a colaboração entre países e outras partes interessadas, buscando fomentar uma ampla comunhão durante os encontros na conferência.
Contribuições éticas e humanitárias
Entre as principais contribuições da Santa Sé aos debates realizados até agora, destaca-se a perspectiva ética e a mensagem de solidariedade humana. “A crise climática não é apenas um problema técnico, mas também moral. A Igreja é chamada a ser guardiã da dignidade humana e a responsabilizar-se pela criação”, ressalta Diquattro.
Em suas intervenções, a Santa Sé reforça a urgência de priorizar o “lado humano da crise ambiental”. Em um mundo que, muitas vezes, se apega a siglas e termos técnicos, a delegação lembra que, por trás de cada dado, há pessoas, especialmente comunidades que são diretamente afetadas pelas mudanças climáticas.
Um chamado à ação e solidariedade
Diante das tragédias contemporâneas, o arcebisto enfatiza a interdependência entre o cuidado do meio ambiente e a busca pela paz. “Cuidar da criação e promover a paz estão intimamente ligados. Como disse o Papa Leão XIV, proteger a criação é fundamental para cultivar a paz”, explica Diquattro, sublinhando a necessidade de uma abordagem humanista nas negociações climáticas.
A Santa Sé também reforça a importância de mecanismos financeiros justos, que considerem as vozes e necessidades dos mais vulneráveis. “Devemos inspirar a verdadeira solidariedade nos mecanismos de financiamento, que devem ser baseados na fraternidade, especialmente para países que enfrentam graves repercussões devido à crise climática”, complementa o Núncio Apostólico.
Objetivos da Santa Sé na COP30
Um dos objetivos centrais da Santa Sé na COP30 é reforçar o compromisso com o multilateralismo. “Esperamos que a conferência traga um renascimento do diálogo entre nações e outros atores, em busca de soluções para as crises climáticas que nos afetam a todos”, diz Diquattro.
A delegação planeja que a COP30 confirme o compromisso assumido em Dubai, de limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C em comparação com o período pré-industrial. “Esse compromisso exige uma aceleração nas medidas de eficiência energética e no uso de energias limpas”, afirma o arcebispo.
Envolvimento contínuo em prol da educação e ecologia integral
A Santa Sé busca assegurar que a educação em “ecologia integral” ganhe destaque nas mesas de negociação. “Promover uma cultura de cuidado e responsabilidade é essencial para que possamos engajar as comunidades na preservação do meio ambiente e no desenvolvimento sustentável”, enfatiza Diquattro.
A delegação da Santa Sé está ciente dos desafios enfrentados ao defender os direitos das pessoas e da criação em um cenário tão variado como a COP. Entretanto, a missão da Igreja de construir pontes e unir diferentes perspectivas permanece firme. “A proposta da Santa Sé é sempre agir em harmonia com os valores do Evangelho”, conclui o arcebispo.
A participação da Santa Sé na COP30 evidencia sua busca por um diálogo respeitoso e focado na dignidade humana frente aos desafios climáticos enquanto reafirma a responsabilidade compartilhada entre todos os envolvidos para um futuro sossegado e sustentável.
