A realidade do mercado de trabalho no Distrito Federal (DF) é marcada por desigualdades raciais, mesmo com a população negra constituindo a maioria no cenário econômico. Um levantamento recente do Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF), divulgado nesta quarta-feira (19), revela que, em 2024, 61,9% da população em idade ativa (14 anos ou mais) se declarou preta ou parda. Este cenário é preocupante, pois, apesar desse número expressivo, os negros ainda enfrentam altos índices de desemprego, informalidade e condições de trabalho precárias.
A composição racial do mercado de trabalho
Os dados revelam que, dos 1,459 milhão de trabalhadores ocupados no Distrito Federal, cerca de 903 mil são negros, representando 61,9% da força de trabalho local. No entanto, a grande maioria desses trabalhadores está inserida em setores marginalizados, como o de serviços, que concentra 70,7% deles. Outros setores incluem:
- Comércio e reparação: 17,9%
- Construção: 6,1%
- Indústria de transformação: 3,6%
Esses números indicam que a presença negra é preponderante em setores com trabalho mais braçal e, consequentemente, com salários mais baixos. Por exemplo, 74,3% dos trabalhadores da construção civil são negros, assim como 69,1% dos da indústria de transformação.
O impacto da informalidade e da vulnerabilidade
A informalidade é outro aspecto que afeta desproporcionalmente a população negra. Segundo a pesquisa, 63,5% dos trabalhadores no DF atuando sem carteira assinada são negros. Esses dados evidenciam a precariedade enfrentada por essa parcela da população no mercado de trabalho, além de refletir questões sociais mais amplas que surgem da hierarquia racial existente na sociedade brasileira. Pesquisas anteriores já apontaram que os negros ganham, em média, 39,2% a menos do que seus colegas brancos, o que agrava ainda mais a situação.
Motivações de inserção no mercado
A pesquisa também identificou que a principal motivação para a inserção precoce no mercado de trabalho entre os jovens negros foi a necessidade econômica. Esta realidade traz à tona a urgência de políticas públicas que visem à igualdade de oportunidades e à valorização da mão de obra negra, que muitas vezes é subaproveitada e desvalorizada.
A busca por igualdade e a necessidade de políticas públicas
Para compreender esse cenário, é essencial enxergar o mercado de trabalho como um espaço de poder e construção de identidades, ao mesmo tempo em que reflete as sujeições econômicas da sociedade brasileira. A pesquisa destaca a persistência de inequidades raciais no mercado de trabalho, fazendo um apelo para que medidas estruturais sejam implementadas de forma a garantir melhor acesso, remuneração justa e inclusão da população negra em posições de destaque.
Para além de números, essas realidades humanas demandam ações efetivas que combatam a desigualdade racial, promovendo um ambiente de trabalho mais justo e equilibrado. A sociedade brasileira deve enfrentar e desconstruir a hierarquia social que ainda perpetua a marginalização da população negra.
Em conclusão, enquanto a população negra se destaca como maioria no mercado de trabalho do Distrito Federal, as condições de precarização e desigualdade não podem ser ignoradas. A trajetória de milhares de trabalhadores negros ainda é marcada por desafios e lutas por dignidade e respeito no ambiente profissional. Somente com políticas afirmativas e o reconhecimento das habilidades e capacidades dessa população poderemos avançar rumo a um futuro mais igualitário.
Para saber mais sobre as reportagens e ações referentes à promoção da igualdade racial no DF, acompanhe as notícias pelo g1.


