A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos votou quase unânime nesta terça-feira (18) pela liberação pública de todos os arquivos relacionados à investigação do caso Jeffrey Epstein, um acordo que o ex-presidente Donald Trump tentou evitar por meses. A votação, com 427 votos favoráveis contra apenas um contra, encaminha a proposta para o Senado, onde o futuro da iniciativa é incerto devido à resistência dos líderes republicanos.
Reversão na posição do Congresso e obstáculos no Senado
Até esta semana, tanto Trump quanto os líderes do Partido Republicano tentaram obstruir a divulgação, classificando a ação como uma “farsa democrata” e alegando que a transparência poderia prejudicar a segurança nacional ou expor identidades de vítimas. A aprovação na Câmara só ocorreu após uma iniciativa do republicano Thomas Massie, de Kentucky, que liderou uma petição de dissensão obrigando o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, a ceder.
O presidente da Câmara, Kevin Johnson, apoiou a decisão, mas durante uma entrevista nesta manhã apontou “deficiências graves” na proposta e sugeriu que os senadores precisariam fazer modificações antes de aprová-la definitivamente. Johnson afirmou ter conversado com o líder republicano no Senado, John Thune, para incluir novas salvaguardas para vítimas e informantes, embora o projeto já preveja, na versão atual, dispositivos que permitem a censura de nomes de vítimas e de informações relacionadas a investigações ativas.
Possíveis atrasos e preocupações das vítimas
Johnson revelou que espera que o Senado, ao revisar o documento, faça alterações que possam atrasar a divulgação dos arquivos. Essas mudanças, se aprovadas, exigiriam uma nova votação na Câmara, o que preocupa sobreviventes de Epstein presentes no Capitólio, muitos dos quais afirmaram não confiar na disposição de Trump ou dos líderes republicanos em tornar os documentos acessíveis.
Perspectivas para a transparência
As próximas semanas serão cruciais para definir o destino dos arquivos, com a possibilidade de atrasos significativos devido ao processo legislativo e às mudanças propostas no Senado. Especialistas alertam que qualquer alteração pode impactar a divulgação dos documentos, que expõem detalhes de uma rede de abuso e exploração sexual de menores associada ao financeiro Jeffrey Epstein.
Segundo analistas, a pressão das vítimas e o contexto político atual tornam incerto se a legislação será aprovada na sua forma original ou se sofrerá modificações que adiariam sua implementação. O debate no Congresso indica um momento de maior tensão entre a busca por transparência e os interesses políticos em jogo.


