Em entrevista ao GLOBO, Paddy Cosgrave, CEO do Web Summit, maior evento de tecnologia europeu, afirmou que a China conquistou a liderança em inovação com robôs humanoides, ultrapassando os Estados Unidos. A declaração ocorre durante o evento em Lisboa, onde a presença de tecnologias chinesas chamou a atenção internacional.
Liderança na robótica humanoide: China à frente
Cosgrave destacou que, enquanto empresas americanas ainda não demonstram seus robôs em eventos globais, as chinesas já apresentam avanços notáveis. “As empresas americanas de robótica humanoide, que produzem vídeos impressionantes, ainda não estão prontas para apresentar seus robôs no piso, enquanto as chinesas já fazem isso com facilidade”, afirmou. Segundo ele, a liderança que antes era dos EUA, e também envolvia Coreia e Japão, migrou definitivamente para a China.
Robô dançarino da Unitree na Lisboa
Na conferência, um robô dançarino da startup chinesa Unitree chamou a atenção, ao transitar pelo evento com autonomia. Veja o vídeo do robô dançarino. Cosgrave comentou que, enquanto as chinesas já exibem seus automatos ao vivo, as americanas ainda enfrentam obstáculos de demonstração pública.
“Para mim, a liderança em robótica, que antes era dos EUA, Coreia ou Japão, agora é da China”, reforçou.
Planos para a próxima edição do Web Summit no Brasil
O executivo revelou que, na quarta edição do Web Summit, em junho de 2026, o Rio de Janeiro deve receber pelo menos três novas empresas chinesas produtoras de robôs, incluindo modelos humanoides com tarefas cotidianas e atuação industrial. “Vamos tentar convencê-las a participar”, afirmou Cosgrave, destacando o potencial de inovação na América Latina.
Além disso, o CEO pretende levar ao evento no Rio um robô da startup chinesa Unitree, reforçando a aposta na influência crescente da China no setor de inteligência artificial e robótica.
Perspectivas globais e a relação com o Brasil
Cosgrave acredita que a relação mais estreita entre China e Brasil, apesar das tarifas americanas, facilita a entrada de inovações chinesas no País. “O Brasil vem diversificando seus parceiros de negócios e abriu novos mercados, o que torna viável a chegada dessas tecnologias”, explicou. Ele também criticou as tarifas comerciais dos EUA, que considera prejudiciais ao próprio mercado americano.
O executivo defende que o mundo ocidental precisa aprender com o modelo chinês, sobretudo na inovação tecnológica. “Os olhos do Ocidente estão se abrindo com o peso crescente de países emergentes e do Sul Global, como o Brasil, que criou sistemas de pagamento inovadores como o Pix”, destacou, citando o sistema de pagamentos brasileiro que chamou a atenção até do ex-presidente Donald Trump.
O futuro da robótica e a mudança de paradigmas
Segundo Cosgrave, a aversão ocidental por modelos não tradicionais se deve ao viés de superioridade histórica, que tende a limitar a troca de conhecimento. “A tendência é que essa visão mude com o crescimento dos países emergentes e o avanço de projetos chineses de robótica”, afirmou.
Ele afirmou ainda que a influência chinesa na tecnologia pode transformar o cenário global, promovendo uma visão mais plural e colaborativa na inovação. “A inovação está vindo de muitos lugares, especialmente da China e do Brasil”, concluiu.
Para mais detalhes sobre o impacto da China na liderança de robôs humanoides, acesse o retrato completo no site do GLOBO.


