Na última semana, a Mancha Alviverde, principal organizada de torcedores do Palmeiras, por meio de seu presidente, André Guerra Ribeiro, firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público de Mairiporã (SP). Neste acordo, a torcida assume a responsabilidade civil pela emboscada contra torcedores cruzeirenses ocorrida na Rodovia Fernão Dias, em outubro de 2024. O caso resultou em sérios danos a várias vítimas, incluindo a morte do torcedor José Victor Miranda.
Detalhes do acordo de indenização
O TAC estipula um valor total de indenização de R$ 2 milhões, a ser parcelado ao longo de 60 meses, ou seja, cinco anos. Desse montante, R$ 1 milhão será destinado aos herdeiros de José Victor Miranda, enquanto R$ 200 mil a empresa dona do ônibus que foi incendiado no ataque. Adicionalmente, R$ 250 mil serão destinados ao Fundo Municipal de Segurança de Mairiporã.
O restante da indenização será distribuído entre as demais vítimas da emboscada: aquelas que sofreram lesões graves receberão até R$ 80 mil e os que tiveram lesões leves poderão receber até R$ 20 mil. Essa estrutura busca garantir que todos os afetados pelo episódio tenham seu direito à compensação respeitado.
Compromissos adicionais da Mancha Alviverde
A Mancha Alviverde comprometeu-se também a manter uma lista atualizada de seus associados, que deverá ser enviada semestralmente à Federação Paulista de Futebol (FPF) e à Promotoria de Mairiporã. A lista deve incluir dados como identificação nominal, nome completo, CPF, telefone celular e registro fotográfico de cada membro.
Outra obrigação recém-imposta é a de notificar a Polícia Militar e a Polícia Rodoviária Federal sobre todos os deslocamentos e comboios que a torcida organizar para jogos e outras atividades. A medida visa garantir maior segurança e controle durante a realização de eventos esportivos.
Consequências e punições
Além dessas obrigações, a Mancha Alviverde não poderá mais se envolver em episódios de violência e deverá agir para punir membros envolvidos em atividades ilícitas. Ao assumir a autoria do ato, a torcida foi liberada para retornar aos estádios, desde que cumpra com as novas diretrizes impostas pelo TAC.
Vale lembrar que este acordo não impede que o Ministério Público de São Paulo (MPSP) prossiga com a responsabilização penal dos culpados na esfera criminal. Até o momento, a Justiça de Mairiporã decidiu levar a júri popular 20 acusados pelos crimes cometidos no evento, 15 dos quais também enfrentam acusações de homicídio, incêndio e promoção de tumulto esportivo.
Relembre o caso
O ataque ocorreu em outubro de 2024, quando torcedores organizados do Palmeiras emboscaram integrantes da torcida do Cruzeiro na Rodovia Fernão Dias, utilizando objetos como pedaços de pau, pedras e rojões. A motivação do ato de violência foi vingança contra a Máfia Azul, um grupo rival, por uma briga ocorrida em 2022 em Minas Gerais.
Na ocasião, os cruzeirenses estavam voltando de um jogo contra o Athletico Paranaense em Curitiba e foram surpreendidos. O ataque resultou no incêndio de um dos ônibus da torcida, além de danos significativos a outro veículo. A violência deixou 17 torcedores feridos e culminou na morte de José Victor Miranda, um motoboy de 30 anos, residente de Sete Lagoas (MG).
O caso é emblemático e levanta questões sérias sobre a segurança nos estádios e a responsabilidade das torcidas organizadas. O descumprimento do TAC poderá trazer consequências ainda mais severas para a torcida da Mancha Alviverde, que espera retomar suas atividades de forma responsável e pacífica.


