Com uma população de pouco mais de 600 mil habitantes, o Suriname está a um passo de alcançar um feito inédito em sua história: a participação na Copa do Mundo de Futebol de 2026. Apesar de ser um país pouco falado, o Suriname, localizado na América do Sul e fazendo fronteira com o Brasil, possui um riquíssimo legado esportivo, especialmente graças à sua herança cultural como antiga colônia holandesa.
A história de um país produtor de talentos
O Suriname foi colonizado pela Holanda e foi conhecido como Guiana Holandesa até sua independência em 1975. Desde então, muitos surinameses emigraram para a Europa, especialmente para a Holanda. A seleção nacional participou de suas primeiras Eliminatórias da FIFA em 1962 e fez sua estreia como Suriname em 1978. Contudo, a falta de infraestrutura e o enfoque do país em esportes como o críquete resultaram em um desempenho modesto em competições internacionais.
Paradoxalmente, enquanto o futebol local lutava para evoluir, os descendentes de surinameses brilharam nas ligas europeias. Figuras icônicas como Ruud Gullit e Frank Rijkaard representam apenas a ponta do iceberg, com Clarence Seedorf sendo um dos mais notáveis jogadores que nasceu em Paramaribo, capital do país. Hoje, outros nomes de destaque como Virgil Van Dijk, Ryan Gravenberch e Xavi Simons possuem raízes surinamesas e jogam pela seleção holandesa.
Os jogadores de hoje e a mescla cultural
A atual seleção surinamesa é feita de uma interessante combinação entre talentos locais e atletas que cresceram na diáspora. O treinador Stanley Menzo, goleiro do Ajax nos anos 90, tenta resgatar a identidade do futebol local. O destaque do time é Gleofilo Vlijter, atacante que já marcou 15 gols pela seleção e atua na Hungria.
Embora a maior parte do elenco seja formada por jogadores nascidos na Europa, a inclusão de atletas nascidos no Suriname é vital para a construção de uma identidade. O elenco tem apenas um representante do futebol local, o goleiro Jonathan Fonkel, do SV Robinhood.
Um vizinho esquecido pelos brasileiros
Para muitos brasileiros, o Suriname é um país que passa despercebido, apesar de fazer fronteira com o Amapá e o Pará. Com uma forte influência cultural e econômica da Holanda, o Suriname possui o holandês como língua oficial, embora muitos falem o sranan tongo, inglês e idiomas indígenas.
A capital, Paramaribo, abriga quase a metade da população e é uma cidade cercada por natureza exuberante. O futebol no Suriname corresponde não apenas a um esporte, mas também a uma potencial ligação emocional para os torcedores que poderão atravessar a fronteira para assistir aos jogos da seleção nas Eliminatórias.
Suriname lidera o Grupo A nas Eliminatórias
Nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, o Suriname é o líder do Grupo A que conta também com Panamá, Guatemala e El Salvador. Com apenas dois jogos restantes, a equipe surinamese soma seis pontos, empatando com o Panamá, mas levando vantagem em gols marcados. Guatemala vem logo atrás com cinco pontos e El Salvador, ainda na lanterna, possui apenas três.
Jogo decisivo nas Eliminatórias
Nesta quinta-feira (13), o Suriname enfrentará El Salvador em uma partida crucial que ocorrerá no estádio Dr. Franklin Essed, em Paramaribo. Um triunfo praticamente garantiria a vaga da seleção na Copa do Mundo, dada a situação dos pontos e jogos restantes.
A vitória sobre El Salvador, que luta contra a eliminação, poderá significar um grande passo histórico para o Suriname, que, por sua vez, tem a chance de se tornar o primeiro representante sul-americano fora da Conmebol a se classificar para um Mundial.
Por que o Suriname não joga pela Conmebol?
Apesar de ser um país da América do Sul, o Suriname compete na Concacaf devido a suas raízes históricas e culturais mais ligadas ao Caribe, além da barreira da língua, já que o holandês é predominante lá, ao contrário do português e espanhol que dominam a América Latina.
Assim, o Suriname não apenas é um símbolo de resiliência e potencial no futebol, mas também representa uma rica mistura de culturas que pode surpreender o mundo no próximo evento mundial.

