O julgamento sobre a suposta participação de Bruno Henrique, atacante do Flamengo, em um esquema de manipulação de resultado, envolvendo apostas esportivas, será retomado nesta quinta-feira (13), no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio de Janeiro. A última sessão foi suspensa na segunda-feira (10), após pedido de vista de um dos auditores.
O pleno do tribunal julga recursos tanto da acusação quanto da defesa do jogador, que já havia sido condenado a 12 jogos de suspensão por forçar uma expulsão em uma partida contra o Santos pelo Brasileirão de 2023, supostamente para favorecer familiares. Após o primeiro julgamento, a promotoria pediu aumento da pena de Bruno Henrique, que pode variar de 180 a 360 dias.
Desdobramentos do julgamento
Na audiência anterior, a promotoria destacou a materialidade das provas, que incluem mensagens trocadas entre os denunciados, e sugeriu a condenação de Bruno Henrique. Segundo o procurador, a infração se enquadra no artigo 243 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que prevê multa de R$ 100,00 a R$ 100.000,00 e a suspensão de 180 a 360 dias.
A defesa de Bruno Henrique, por sua vez, argumentou que a intenção de forçar o cartão amarelo foi parte de um planejamento do Flamengo, visando antecipar uma suspensão devido ao risco de desfalcar a equipe em uma partida decisiva da competição. O relator do caso, Sérgio Furtado Filho, decidiu pela absolvição do atleta em relação ao artigo 243-A, que trata da manipulação de resultados, mantendo, no entanto, a condenação no artigo 191, resultando em uma multa de R$ 100 mil.
O primeiro auditor a iniciar sua votação, Marco Aurélio Choy, pediu vista do processo, o que levou à interrupção do julgamento. A expectativa é que os auditores tomem uma decisão final na sessão de hoje.
A pressão por justiça e a proximidade do fim da temporada
Bruno Henrique, conhecido como camisa 27 do Flamengo, foi punido em setembro, mas vem atuando graças a um efeito suspensivo enquanto aguarda o desfecho do recurso da defesa. Com a temporada se aproximando do fim, o atleta tem sido essencial para a equipe de Filipe Luís, especialmente após a fratura do braço de Pedro, tornando-se a principal referência do ataque do time, que atualmente briga pelo título do Brasileirão, em disputa acirrada com o Palmeiras.
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, expressou sua insatisfação em relação à condução do processo, considerando que a suspensão da audiência foi injusta. Em uma nota divulgada, ela criticou o STJD e a maneira como lidou com o caso do atacante rival, o que acentuou ainda mais a tensão entre as equipes durante este momento decisivo do campeonato.
A sentença do tribunal, independentemente do seu teor, não impede que Bruno Henrique participe da final da Copa Libertadores, que ocorrerá em Lima, no Peru, contra o rival paulista.
Entenda o caso
Bruno Henrique foi inicialmente condenado e suspenso pela 1ª Comissão Disciplinar por ter forçado um cartão amarelo na partida contra o Santos. Este ato teria beneficiado, segundo as autoridades, apostadores e familiares do jogador. A suspensão foi proferida no dia 4 de setembro. Contudo, em 13 de setembro, o STJD concedeu efeito suspensivo ao recurso apresentado pela defesa do atleta.
O atacante foi enquadrado no artigo 243-A (atuar de forma contrária à ética desportiva, e com o fim de influenciar o resultado de partida) e recebeu uma suspensão de 12 partidas, além de uma multa de R$ 65 mil. Outras acusações, apresentadas nos artigos 243, 191, 184 e 65, foram consideradas improcedentes durante o julgamento.
Bruno Henrique alegou inocência em uma declaração feita virtualmente, e seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, assim como outros três amigos, também enfrentam acusações relacionadas ao caso. Ao longo deste turbilhão, o jogador tem se destacado em campo, aguardando ansiosamente a decisão do STJD.
