A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda revisou para baixo a previsão de crescimento da economia brasileira em 2025, prevendo um avanço de 2,2%, contra os 2,3% estimados anteriormente. Apesar da revisão, o órgão mantém um tom otimista quanto ao controle da inflação e à trajetória das contas públicas, aponta o Boletim Macrofiscal divulgado nesta quinta-feira (13).
Perspectivas de crescimento e inflação em 2025
Segundo o relatório, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 2,2% em 2025, refletindo o ritmo mais lento da economia no segundo semestre, influenciado por juros elevados, menor fluxo de crédito e desaceleração nos rendimentos do mercado de trabalho. A inflação, medida pelo IPCA, deve cair de 4,8% para 4,6% no mesmo período, embora ainda fique ligeiramente acima do teto da meta.
Cenários de desaceleração e setores destaque
A desaceleração prevista ocorre devido aos efeitos defasados da política monetária restritiva, uma vez que a taxa Selic permanece em 15% ao ano. O relatório explica que, com juros mais altos, famílias e empresas reduzem os gastos, afetando o ritmo de crescimento. Ainda assim, setores como petróleo, gás, mineração e agricultura, incluindo produções de café, cana-de-açúcar, algodão e milho, apresentam resultados positivos, com previsão de crescimento revisada para cima na agropecuária, de 8,3% para 9,5% em 2025.
- Agropecuária: previsão de crescimento revisada de 8,3% para 9,5%;
- Indústria: leve queda de 1,4% para 1,3%;
- Serviços: redução de 2,1% para 1,9%.
Expectativas para 2026 e cenário fiscal
A projeção para o crescimento em 2026 permanece em 2,4%, impulsionada por perspectivas de juros menores e avanços em políticas de crédito e habitação. Apesar da inflação projetada acima do limite da meta — estimada em 4,6% —, o Ministério da Fazenda destaca que, caso a bandeira tarifária de energia seja verde em dezembro, as chances de inflação ficar dentro do intervalo meta aumentado.
O Boletim também aponta que o déficit primário previsto para 2025 passou de R$ 69,9 bilhões para R$ 70,6 bilhões. Apesar do valor revisão, o resultado fica dentro do limite de tolerância da meta fiscal, que permite um déficit de até R$ 30,97 bilhões após ajustes. Assim, o governo permanece dentro do esperado em relação às metas fiscais, com a dívida pública estimada em 79,5% do PIB no encerramento do ano, ligeiramente abaixo do previsto.
Cenário internacional e exportações
No cenário global, o boletim indica que o crescimento mundial deve desacelerar em 2026, devido às incertezas geopolíticas e à guerra comercial entre Estados Unidos e China. As exportações brasileiras para os EUA tiveram retração de cerca de 25% (US$ 2,5 bilhões) entre agosto e outubro, consequência das tarifas aplicadas sobre petróleo e carne bovina. Contudo, as vendas externas totais se elevaram 6,4% no período, impulsionadas por exportações para China e Argentina.
O governo reforça o papel do Plano Brasil Soberano, que já destinou R$ 7,1 bilhões em crédito para empresas exportadoras de pequeno e médio porte, com foco na diversificação de mercados e reforço de capital de giro. Além disso, a previsão de déficit primário para 2026 foi reduzida de R$ 81,8 bilhões para R$ 75,4 bilhões, indicando uma melhora de R$ 6,4 bilhões em relação à estimativa anterior.
Perspectivas para os próximos anos
O Projeto de Lei Orçamentária de 2026 (PLOA 2026), enviado ao Congresso, estabelece uma meta de superávit primário de 0,25% do PIB, sinalizando que o governo pretende arrecadar mais do que gastar no próximo ano. A previsão é de que a dívida pública, que deve ficar em torno de 83,7% do PIB até o final de 2025, cresça lentamente diante dos esforços de ajuste fiscal.
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