Em 21 de novembro, é celebrado o Dia Mundial da Pesca, uma data que serve para refletir sobre a importância deste setor e os desafios enfrentados por aqueles que dele dependem. O cardeal jesuíta Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, utiliza esta ocasião para destacar a necessidade de cuidar não apenas dos mares, mas também das pessoas que deles tiram seu sustento. “Cuidar dos mares e da pesca está intimamente ligado a cuidar das pessoas”, afirmou o cardeal em uma mensagem que enfatiza a dignidade dos pescadores e suas famílias.
A navegação entre a pobreza e a dignidade humana
Na sua reflexão, o cardeal menciona a recente Exortação Apostólica de Leão XIV, Dilexi te, que aborda as estruturas que alimentam a pobreza e a desigualdade. Ele expõe sua preocupação com o mundo da pesca, onde, frequentemente, a falta de responsabilização gera um “pecado social”. A interdependência entre a humanidade e a natureza, especialmente os oceanos, é um tema central, implicando que o bem-estar dos pescadores está intrinsecamente vinculado à saúde dos ecossistemas marinhos.
Escutando as vozes do mar
O cardeal Czerny faz um chamado para que os pescadores tenham voz nas decisões que os afetam. “É fundamental que as políticas e leis que impactam a vida dos trabalhadores do mar sejam discutidas também por aqueles que realmente vivenciam a realidade da pesca”, escreveu. Ele pede que os pescadores sejam incluídos nas discussões políticas, para que suas necessidades sejam atendidas e sua dignidade respeitada.
Problemas enfrentados pelos trabalhadores do mar
O discurso de Czerny é também uma contundente crítica às condições precárias enfrentadas por muitos trabalhadores da pesca. “Baixa renda, insegurança no trabalho, condições precárias e a separação de suas famílias” são desafios constantes que esses profissionais enfrentam diariamente. Cada operação de pesca envolve histórias de vidas e famílias que merecem ser respeitadas e valoradas.
Os perigos da pesca industrializada
Uma das preocupações do cardeal é a pesca altamente industrializada. Ele observa que essa prática não só compromete as frotas artesanais, que são responsáveis por muitos empregos, como também causa danos irreparáveis aos ecossistemas costeiros. As grandes embarcações frequentemente mantêm as tripulações em condições desumanas, longe de suas casas e famílias, com jornadas de trabalho extenuantes e, muitas vezes, ilegais. Além disso, muitos trabalhadores enfrentam discriminação e violência em suas atividades.
A importância da pesca sustentável
Czerny ressalta a necessidade urgente de promover a pesca sustentável. Ele menciona a encíclica Laudato si’ do Papa Francisco, que há uma década destaca a importância dos mares e oceanos como parte da “casa comum” da humanidade. O cardeal reitera que cuidar dos oceanos é crucial não apenas para garantir a sobrevivência de espécies marinhas, mas também para assegurar a dignidade e as condições de trabalho dos pescadores.
Pescadores como guardiões da criação
Além de serem trabalhadores, os pescadores também desempenham um papel vital como guardiões da criação. A mensagem do cardeal sugere que eles têm uma relação espiritual intrínseca com o mar, que os coloca em um papel de responsabilidade na proteção dos recursos naturais. “Os mares são um espaço espiritual de interdependência entre o ser humano e toda a Criação”, afirma o cardeal.
A missão da Igreja junto aos pescadores
Por meio do Apostolado do Mar, a Igreja busca estar próxima dos pescadores e marinheiros, oferecendo apoio espiritual e prático numa missão de dignidade e solidariedade. O cardeal Czerny mencionou que capelães e voluntários em diversas paróquias e portos ao redor do mundo trabalham incessantemente para garantir que os direitos e a dignidade dos trabalhadores do mar sejam respeitados.
Esperança e compromisso no cuidado dos mares
A mensagem conclui com um apelo à proteção materna de Maria, Stella Maris, invocando a esperança, a justiça e o compromisso de cuidar dos mares e dos que deles dependem. O cardeal Czerny encoraja todos a agir em favor desses trabalhadores, lembrando que o cuidado com a criação é uma responsabilidade coletiva.
O Dia Mundial da Pesca, portanto, é um convite à reflexão e à ação, não apenas sobre o que extraímos do mar, mas sobre como garantimos um futuro digno e sustentável para todos que o habitam.
