O estado do Rio Grande do Sul foi condenado a indenizar em R$ 100 mil a mulher de um policial civil morto durante uma operação em Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre, em 2017. O agente, Wilsen da Silveira, de 39 anos, atuava como escrivão de polícia e foi atingido por um tiro no rosto durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão.
A tragédia e suas consequências
A sentença proferida pelo juiz Frederico Ribeiro de Freitas Mendes, da 1ª Vara Cível da Comarca de São Gabriel, reconhece a dor e o sofrimento causados à esposa do policial, Raquel Biscaglia, que também é policial civil e presenciou a morte do companheiro. Raquel estava grávida na época e alegou que o trauma da perda levou à interrupção da gestação. O juiz considerou que o sofrimento emocional experimentado por Raquel foi intenso e caracterizou uma “dupla lesão à dignidade da pessoa humana e ao seu projeto de vida familiar”.
Falta de segurança em operações policiais
No tribunal, Raquel atribuiu ao estado a responsabilidade pela falta de condições mínimas de segurança e apoio durante a operação policial em que seu marido foi morto. Ela e seus advogados argumentaram que o governo não tomou as medidas necessárias para garantir a segurança dos policiais, expondo-os a situações de risco sem o devido preparo ou equipamento.
Os representantes do estado, por sua vez, contestaram as alegações da esposa do policial, sustentando que Raquel não tinha comprovado a falta de segurança. Contudo, o juiz concordou com os argumentos de Raquel, afirmando que a ausência de precauções adequadas por parte do estado foi um fator que contribuiu para a tragédia.
Dados legais sobre a indenização
O juiz também mencionou o chamado “dano moral por ricochete”, que se refere ao sofrimento que os familiares de uma vítima direta enfrentam em decorrência do evento. A decisão judicial reflete não apenas a perda da vida do policial, mas também o impacto devastador que isso teve na vida de sua esposa e família.
Após a sentença, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE-RS) informou que irá avaliar as medidas jurídicas cabíveis assim que for oficialmente intimada sobre a decisão. Embora exista a possibilidade de recurso, até o momento, o estado não anunciou se pretende contestar a condenação.
Reflexões sobre a segurança de policiais
A tragédia envolvendo o policial Wilsen da Silveira levanta importantes questionamentos sobre as condições de trabalho e a segurança dos agentes de segurança pública no Brasil. Muitos policiais enfrentam situações de grande risco sem o treinamento adequado ou ferramentas de proteção necessárias para garantir sua integridade e a de seus colegas. Essa situação não só coloca em risco a vida dos policiais, mas também afeta profundamente suas famílias, como evidenciado pelo caso de Raquel Biscaglia.
As autoridades e a sociedade civil precisam se unir em uma discussão mais ampla sobre a segurança nas operações policiais e a necessidade de políticas públicas que garantam uma proteção eficaz para aqueles que dedicam suas vidas a manter a ordem e a segurança da população. O caso de Gravataí é um exemplo trágico de que a falta de suporte e segurança pode ter consequências devastadoras, não apenas para as vítimas diretas, mas para suas famílias e a sociedade como um todo.
Assim, a ordem judicial que determina a indenização de R$ 100 mil para Raquel Biscaglia não é apenas uma questão legal, mas um chamado à conscientização sobre as realidades enfrentadas pelos policiais e suas famílias, e a necessidade urgente de mudanças na abordagem governamental em relação à segurança pública.


