Os Correios continuam pressionados por uma crise financeira sem precedentes, com prejuízo de R$ 4,3 bilhões em 2025 e dificuldades para obter um empréstimo de R$ 20 bilhões com aval da União, considerado vital para fechar as contas de 2025 e 2026. Segundo fontes próximas às negociações, as conversas com bancos envolvem altos custos de juros e exigências de garantias que dificultam a viabilização do crédito.
Desafios na obtenção do empréstimo
Desde outubro, o plano de socorro financeiro começou a ser discutido após a posse de Emmanoel Rondon à frente da estatal. A operação envolveria bancos como BTG Pactual, Citibank, Banco ABC e o Banco do Brasil, embora a Caixa tenha se afastado das negociações. Uma das principais dificuldades enfrentadas é o elevado custo da taxa de juros, que poderia gerar um desembolso anual de aproximadamente R$ 3 bilhões em juros, segundo interlocutores.
Propostas de alternativas
Para contornar as dificuldades, os Correios avaliam dividir o empréstimo em várias parcelas, ampliando as negociações para outros bancos. Em média, as instituições financeiras têm pedido taxas de juros superiores a 136% do CDI, o que torna a operação menos viável. Uma das metas atuais é obter cerca de R$ 5 bilhões para custear despesas de 2025, incluindo salários e pagamentos a fornecedores, evitando um colapso financeiro.
Implicações do aval da União e obstáculos técnicos
Apesar da urgência, garantir o aval do governo é complexo. Técnicos do Tesouro alertam que, devido às dificuldades financeiras e à falta de uma avaliação de solvência robusta, o aval do órgão pode não ser possível neste momento. Além disso, há resistência dentro do governo, que questiona a viabilidade de um plano de reestruturação eficaz sem estimativas mais concretas. Representações no Tribunal de Contas da União (TCU), inclusive de políticos e procuradores, também tramitam contra o empréstimo, tornando o cenário ainda mais incerto.
Situação de crédito e dívidas ativas
Antes mesmo de efetivar o empréstimo, os Correios enfrentam problemas adicionais, como a renegociação de um contrato de R$ 1,8 bilhão com o BTG Pactual, Citibank e Banco ABC. Devido ao descumprimento de condições relativas a precatórios, a estatal precisou pagar uma taxa extra de R$ 40,5 milhões, além de antecipar a amortização do principal da dívida para janeiro de 2026. A taxa de juros dessas operações também foi elevada, passando de CDI + 3% para até 5% ao mês, o que aumenta ainda mais o peso do custo financeiro.
Plano de reestruturação e cortes de despesas
Dentro da estratégia de sobrevivência, a atual gestão dos Correios planeja fechar cerca de mil unidades e agências e lançar um programa de desligamento voluntário (PDV), buscando economizar aproximadamente R$ 830 milhões. A meta é reduzir custos fixos na folha de pagamento, que atualmente conta com cerca de 80 mil empregados, mantendo apenas o essencial para garantir operações nos 5.570 municípios do país. Ainda, há discussões sobre um fundo imobiliário com ativos avaliados em R$ 5,4 bilhões, embora a implementação dependa do recebimento de dados mais detalhados pela Caixa Econômica Federal.
Perspectivas e riscos futuros
Especialistas e integrantes do governo questionam a capacidade da estatal de executar um plano de reestruturação efetivo sem garantias sólidas. A pressão aumenta diante do agravamento da crise, com a estatal cada vez mais próxima de obter uma solução de curto prazo para evitar um colapso de caixa. O cenário ainda é incerto, e a expectativa é que novas negociações e estratégias sejam delineadas nas próximas semanas.
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