Na última quarta-feira, 12, o Senado Federal realizou uma votação que será lembrada por seu caráter estreito e tenso. Paulo Gonet foi reconduzido ao cargo de procurador-geral da República em uma das votações mais apertadas desde a redemocratização, conquistando 45 votos a favor e 26 contra. O resultado, que ficou aquém das expectativas de aliados como o senador Omar Aziz, levanta uma série de questionamentos sobre o futuro da indicação de Jorge Messias, advogado-geral da União, ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Aprovação de Gonet e seus desdobramentos
A votação de Gonet foi a mais apertada para o cargo de procurador-geral da República, com apenas quatro votos a mais do que os necessários segundo a Constituição. Este resultado é um indicativo claro das divisões que permeiam o Senado e da resistência que Messias pode enfrentar, especialmente entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que veem Gonet como uma figura adversa em sua luta política. “Messias já larga com os 26 votos contra que Gonet teve”, alertou um interlocutor de Davi Alcolumbre, ressaltando a dificuldade que o advogado-geral da União pode encontrar para garantir sua aprovação.
O clima no Senado e as expectativas para Messias
O clima pós-votação foi de preocupação entre os aliados de Alcolumbre. O resultado apertado é interpretado como um sinal claro de que Messias poderá ter muitos obstáculos pela frente, num cenário em que o governo Lula enfrenta dificuldades em emplacar sua agenda no Congresso. Interlocutores próximos a Alcolumbre indicam que o sentimento na Casa é a favor de Rodrigo Pacheco, ex-presidente do Senado, para a vaga, enfatizando uma preferência que não necessariamente se traduz em uma rejeição a Messias, mas sim em uma escolha que busca pesar favoravelmente no relacionamento entre o Executivo e o Legislativo.
“Não existe uma relação entre uma coisa e a outra”, disse um assessor próximo a Lula, indicando que a votação de Gonet poderia representar um recado da oposição, mais do que uma rejeição direta a Messias. Entretanto, o fator Gonet é indiscutivelmente relevante: como procurador, ele foi fundamental em investigações que levaram à condenação de Bolsonaro, tecendo um cenário já desafiador para qualquer indicação que venha a ser feita pelo atual presidente.
Resistência e receios em relação ao novo indicado
Entre os senadores, a resistência à indicação de Messias tem raízes na percepção de que ele poderia ser um “quadro ideológico do PT” e um homem de confiança de Lula. A sua nomeação pode vir acompanhada de uma intensa resistência por parte do bloco bolsonarista, que há muito se opõe a figuras ligadas ao governo atual. Messias, que é reconhecido por seu papel na Lava Jato, pode se ver inserido em um campo minado de tensões políticas. “A vaga bônus aberta deve ficar com Pacheco”, comentou um senador da base lulista, insinuando a luta interna por prestígios e influência no governo.
O horizonte de Messias no Supremo
Portanto, a situação de Jorge Messias é crítica. Ele não apenas tem que lidar com os resquícios da oposição bolsonarista, mas também com um ambiente legislativo que se revelará cada vez mais hostil, caso o apoio a sua nomeação não se materialize em conversas produtivas e alianças com o Senado. O sentimento de trauma por parte dos senadores com relação a Gonet poderá influenciar diretamente como Messias será capaz de navegar sua própria confirmação.
Enquanto a discussão sobre sua indicação continua, colaboradores de Messias no governo tentam minimizar as implicações da votação de Gonet, buscando garantir que o histórico político atual não tape a oportunidade de um diálogo aberto entre os diferentes blocos parlamentares. O cenário, no entanto, continua nebuloso e cheio de desafios, enquanto as expectativas de aprovação giram cada vez mais em torno das preferências e influências dentro do Senado.
A nomeação de Messias, se vier a acontecer, não apenas colocará à prova a habilidade política de Lula de contornar a resistência no Congresso, mas também o frequente embate entre as diretrizes do governo e o legislativo. Assim, o futuro da procuradoria e sua proximidade com o STF seguem como pontos críticos da atual política brasileira.



