Brasil, 13 de novembro de 2025
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Efeitos do tarifaço nos EUA podem abrir espaço para negociações com Brasil

A aproximação nas negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos resulta de efeitos colaterais do tarifaço, como altas nos preços de carne e café.

Apesar dos atritos comerciais iniciados pelos Estados Unidos, a perspectiva mais favorável às negociações entre Brasil e EUA tem como pano de fundo os efeitos colaterais do tarifaço, especialmente o aumento nos preços de carne bovina e café nos Estados Unidos. A redução dos custos de importação e a maior vontade de diálogo entre os governos têm aberto espaço para avanços nas conversas comerciais.

Impacto menor do que o esperado e negociações em andamento

Segundo especialistas ouvidos pelo GLOBO, o impacto negativo do tarifaço sobre a economia brasileira tem sido menor do que se previa inicialmente. Uma postura pragmática, considerando o cenário atual, pode facilitar a destravada das negociações comerciais. Recentemente, autoridades dos dois países demonstraram interesse em retomar o diálogo.

Reuniões próximas e temas em pauta

Na próxima quinta-feira, em Washington, o ministro Vieira e o senador Marco Rubio deverão se reunir novamente para tratar da possibilidade de desoneração do café nos EUA. Vieira e Rubio marcam nova reunião. Em Bastidores, contudo, faltam avanços políticos concretos, como aponta o jornalista Lauro Jardim, que destaca a ausência de um acordo de fundo na conversa.

O embaixador José Alfredo Graça Lima, vice-presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), afirma que as economias brasileira e americana são complementares, mas que a crise atual foi mais motivada por fatores políticos do que por razões comerciais. “Nunca entendi por que não teve exceção para o café”, lamenta, referindo-se à sobretaxa de 40% que incide sobre o produto brasileiro.

Reação do mercado e nova dinâmica de exportação

Dados do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostram que, em outubro, já há sinais de substituição do café brasileiro por blends sem o grão nacional no mercado americano. Mesmo assim, especialistas como Lia Valls, da FGV, avaliam que essa substituição não será tão fácil, pois o Brasil ainda lidera a exportação de café no mundo e pode encontrar novos mercados, especialmente na Ásia.

Levantamentos indicam que, de agosto a outubro, as exportações brasileiras para os EUA de bens mais afetados pela sobretaxa caíram 29%, passando de US$ 5,3 bilhões em 2024 para US$ 3,8 bilhões em 2025. Nessa mesma comparação, as vendas para o resto do world aumentaram 20%, chegando a US$ 18,2 bilhões.

Alternativas de mercado para o Brasil

O Brasil busca diversificar seus destinos de exportação. Dados do Icomex apontam que, enquanto as exportações para os EUA caíram, as vendas para a China tiveram alta de 32,8% em volume em outubro, compensando parcialmente a queda na América do Norte. Assim, o País mantém uma posição de negociação mais confortável, podendo esperar melhorias na relação comercial.

Números que reforçam uma visão diplomática mais otimista

Especialistas afirmam que os números confirmam uma menor ferida na economia brasileira do que o temor inicial. Lia Valls destaca que o impacto do tarifaço é relativamente pequeno, dando ao Brasil uma margem para negociar a diminuição das sobretaxas sem precisar aceitar condições desfavoráveis.

Segundo ela, “temos uma margem a mais. Vamos para a mesa de negociações sem estar com a corda no pescoço”. Essa postura mais segura pode acelerar avanços diplomáticos, além de abrir novas oportunidades de acesso a mercados globais.

Imagem: Produtores brasileiros de café e negociações com os EUA.

Fonte: GLOBO

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