Brasil, 13 de novembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Esther Duflo propõe “Pix do clima” para financiar transição sustentável

Economista Esther Duflo sugere transferência de renda direta para populações vulneráveis como estratégia para combater a crise do clima

A economista francesa Esther Duflo, vencedora do Prêmio Nobel de Economia de 2019, participa da COP30 em Belém para promover o “Pix do clima”, uma proposta que visa garantir recursos de adaptação às populações mais pobres por meio de transferências diretas. Ela afirma que um financiamento de US$ 1,3 trilhão, recolhido principalmente de países ricos, é essencial para impulsionar a transição econômica dos países em desenvolvimento.

O conceito do “Pix do clima” e o financiamento global

Durante entrevista exclusiva ao GLOBO, Duflo explicou que a ideia fundamental é estabelecer uma barganha internacional em que países ricos compensam os mais vulneráveis pelos impactos das mudanças climáticas, transferindo recursos ligados a esse “Pix do clima”. Essa abordagem inclui a implementação de um mecanismo de precificação do carbono, aliado a transferências de renda para populações pobres, fortalecendo a equidade na luta global contra o aquecimento.

Desafios e expectativas na COP30

Perguntada sobre o provável avanço da COP30 na concretização dessas metas, Duflo afirmou que, embora conheça bem o roteiro, ainda é cedo para determinar se haverá respostas concretas. “Nas discussões iniciais, os países ricos reiteram a importância de reduzir emissões, enquanto os países pobres questionam onde está o financiamento”, comentou a economista. A expectativa é que, até a próxima década, um acordo firme seja alcançado.

Financiamento throughTaxas e Justiça Tributária

Um documento apresentado na COP30 sugere a criação de impostos sobre itens de luxo, grandes fortunas e produtos com alta pegada de carbono. Duflo acredita que há forte demanda social por esse tipo de tributação justa, uma vez que muitos cidadãos de países desenvolvidos percebem a necessidade de cobrar mais de suas elites econômicas. “A proposta apresentada pelo Brasil no G20 foi bastante popular, mesmo que ainda não tenha sido aprovada”, explicou.

Implementação e resistência

Ela destacou que a implementação de uma taxação diferenciada do carbono, que varia entre países de baixa, média e alta renda, é uma forma de articular responsabilidades conforme o princípio de “responsabilidades comuns, porém diferenciadas” (CBDR). “Um preço menor do carbono para países mais pobres faz sentido, já que eles têm menor capacidade de fiscalizar e pagar altos impostos”, argumenta.

Mercados voluntários de carbono e comunicação científica

Duflo criticou veementemente os projetos voluntários de créditos de carbono, classificando-os como “greenwashing” ou uma mera tentativa de deslocar esforços de mitigação. Ela reforçou que a precificação obrigatória do carbono é o caminho para ações mais efetivas. Segundo ela, também é fundamental melhorar a comunicação científica para embasar políticas públicas mais eficazes, algo que, ela acredita, vem evoluindo, mas ainda enfrenta desafios na escuta das autoridades.

Responsabilidade dos países em desenvolvimento e o papel do Brasil

Sobre o uso do conceito de responsabilidades diferenciadas, a economista defendeu que países com menor renda devem pagar um preço menor pelo carbono, como US$ 10 a US$ 50 por tonelada, tornando mais viável a implementação de medidas como a perfuração de petróleo na Amazônia. “Quem paga menos, leva em conta suas limitações, sem abrir mão de sua responsabilidade”, afirmou.

Perspectivas futuras e o papel da ciência na política climática

Duflo reconhece a evolução na comunicação científica, mas ressalta que é necessário maior vontade política para transformar conhecimento em ações efetivas. “Somos melhores em comunicar o que fazemos, mas o interesse político de ouvir os cientistas ainda é um desafio”, concluiu.

(*O repórter viajou a convite da Motiva)

Para saber mais, acesse a matéria completa em GLOBO.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes