Com o impasse comercial pendente, o governo brasileiro tenta retomar o diálogo com os Estados Unidos durante encontro previsto entre os chefes da diplomacia hoje em Washington. A estratégia é enfatizar a suspensão do tarifão e das sanções enquanto as negociações avançam, após reunião entre os ministros Mauro Vieira e Marco Rubio na quarta-feira, à margem do G7 em Niágara.
Esforço diplomático na busca por entendimento
Durante o encontro em Niágara, Vieira destacou que o Brasil enviou, em 4 de novembro, uma proposta de negociação aos EUA, após reunião virtual com equipes técnicas. O conteúdo do documento é confidencial, mas fontes próximas indicam que propõe, entre outros pontos, a suspensão temporária das medidas enquanto se discutem um pacto comercial mais amplo.
A reunião em Washington, marcada para as próximas semanas, ocorre duas semanas após o encontro entre Lula e Trump na Malásia. Apesar do gesto, ainda não há avanços concretos na resolução do conflito commercial, que se agravou com a entrada em vigor das tarifas em agosto.
Tarifas e sanções impactam exportações brasileiras
As tarifas, de 50%, sobre produtos como aço, alumínio, carnes, café, frutas, pescados, sucos e máquinas industriais, entraram em vigor após anúncio de Trump em julho. As sanções também incluem investigações sob a Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA, abordando temas como comércio digital, regras ambientais, propriedade intelectual e o uso do Pix, considerados por americanos como possíveis fatores de desequilíbrio.
Sinalizações de redução de tarifas de café
Recentemente, Donald Trump retomou a possibilidade de redução de tarifas de importação de café, alegando combate à inflação doméstica. Ainda que o Brasil não tenha sido citado, interlocutores do setor interpretaram como um sinal positivo, dadas as dificuldades enfrentadas pelas exportações brasileiras, que tiveram retração de 20% em valor de agosto a outubro em comparação ao mesmo período do ano passado.
Impacto econômico para o Brasil
O Brasil responde por aproximadamente um terço das importações de café nos EUA, o maior mercado mundial, com cerca de 25 milhões de sacas anuais. As sobretaxas prejudicaram vendas de produtos brasileiros, refletindo na queda de receita e de empregos no setor. Dados do Ministério do Desenvolvimento indicam que o déficit bilateral atingiu US$ 6,8 bilhões até outubro de 2024, apesar de a Casa Branca justificar as sanções por alegadas perseguições judiciais.
O Itamaraty criticou as medidas, alegando que elas não são justificadas, pois os EUA continuam superavitários no comércio com o Brasil, com uma diferença de aproximadamente US$ 300 milhões em 2024. A tensão aumentou após Lula afirmar que o país não aceitará interferência em suas questões internas e que a soberania nacional é inegociável, mesmo diante de pressões econômicas.
Próximos passos e perspectivas
Especialistas e fontes diplomáticas esperam que as negociações avancem após o encontro em Washington, buscando uma saída que suspenda temporariamente as tarifações e permita avanços rumo a um entendimento mais amplo. O governo brasileiro reafirmou o compromisso de defender o Estado de Direito e a soberania nacional, mesmo diante das dificuldades atuais.
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