A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quarta-feira, 12, a Operação “Coffee Break”, investigando fraudes em licitações públicas em três estados do Brasil. Entre os alvos, está Mário Celso Botion, assessor da Secretaria de Governo do estado de São Paulo, chefiada por Gilberto Kassab (PSD). Botion, que foi ex-prefeito de Limeira, atua na pasta desde agosto e, segundo informações oficiais, pedirá exoneração do cargo após as suspeitas levantadas.
Suspeitas e denúncias
As investigações tiveram origem em denúncias sobre a compra de kits de robótica, livros didáticos e licenças de tecnologia de uma empresa chamada Life Educacional, que é acusada de superfaturamento. Durante a gestão de Botion como prefeito de Limeira, foram gastos R$ 10,7 milhões em contratos com essa empresa. De acordo com a EPTV, afiliada da TV Globo, a PF cumpriu diversos mandados de busca e apreensão em endereços associados a Botion.
Botion se defende por meio de uma nota à imprensa, onde reafirma que todos os procedimentos da contratação foram realizados de maneira regular e transparente, respeitando os princípios básicos da administração pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Contudo, a PF e a Controladoria-Geral da União (CGU) continuam a investigação para averiguar a veracidade dessas alegações.
Operação e alcance
Segundo a PF, a operação “Coffee Break” envolveu o cumprimento de 50 mandados de busca e apreensão, além de seis mandados de prisão preventiva, todos autorizados pela 1ª Vara Federal de Campinas. Agentes foram mobilizados não apenas em São Paulo, mas também no Distrito Federal e no Paraná. O objetivo é apurar as denúncias e buscar por provas de atuação criminosa entre os investigados.
Os envolvidos na operação poderão responder por vários crimes, incluindo corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, contratação direta ilegal e organização criminosa. Essas acusações evidenciam a seriedade do caso e a necessidade de um exame minucioso das transações realizadas.
Reações e próximas etapas
Botion, que recentemente assumiu seu papel no governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), estava encarregado de gerenciar convênios com 90 cidades, incluindo sua cidade natal, Limeira. Ele havia sido elogiado pelo secretário Gilberto Kassab, que destacou a experiência e a credibilidade de Botion como trunfos para a equipe do governo. Agora, a situação se complica, uma vez que o ex-prefeito está vinculado a um esquema potencial de corrupção.
O futuro político de Botion também está em jogo. Com a intenção de concorrer ao cargo de deputado estadual em 2026 pelo PSD, sua imagem e reputação ficarão sob intenso escrutínio durante e após essa tumultuada fase de investigações. Caso as evidências se consolidem, não apenas sua candidatura, mas também sua carreira pública podem ficar comprometidas.
Esclarecimentos de Botion
Em nota divulgada ao portal g1, a assessoria de comunicação de Botion reafirmou que todos os trâmites administrativos relacionados à aquisição dos kits de robótica seguiram rigorosamente as normas estabelecidas. O posicionamento inclui a menção que nenhum órgão de controle, como o Ministério Público ou o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, apontou irregularidades nas operações sob sua responsabilidade.
Botion ressalta que o processo de licitação para a aquisição de soluções tecnológicas educacionais foi conduzido de forma correta e transparente, reafirmando o compromisso com a legalidade na administração pública. Contudo, com as alegações em curso, a situação do assessor – e, por extensão, do governo Kassab – deverá ser acompanhada de perto pelos órgãos de fiscalização e pela sociedade civil.
O desenrolar dessa história e as repercussões que ela poderá ter tanto para a carreira de Mário Celso Botion quanto para a administração pública estão sob a mira da opinião pública e dos meios de comunicação. A expectativa é que a verdade venha à tona e que a justiça seja feita em caso de irregularidades.
