A realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, a partir desta segunda-feira (10), sob a presidência do Brasil, assinala o fechamento de um ciclo significativo na liderança brasileira em cúpulas internacionais. Este período de protagonismo teve início em dezembro de 2023 e se encerrará em dezembro deste ano, reunindo três cúpulas de blocos, além do evento sobre meio ambiente e sustentabilidade.
O ciclo de liderança do Brasil
O ciclo de liderança do Brasil em eventos internacionais começou em 1º de dezembro de 2023, quando o país assumiu a presidência do grupo das 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana, conhecido como G20. Desde então, o Brasil também presidiu o Brics e agora sedia a COP30, com a expectativa de encerrar sua liderança no Mercosul em dezembro.
Participações e objetivos nas cúpulas
- G20: 1º de dezembro de 2023 a 30 de novembro de 2024;
- Brics: 1º de janeiro de 2025 a 31 de dezembro de 2025;
- Mercosul: 3 de julho de 2025 a 31 de dezembro de 2025;
- COP30: 10 a 21 de novembro de 2025.
A gestão do G20, presidida pelo Brasil pela primeira vez na sua história, teve como foco três eixos: combate à fome, pobreza e desigualdade; desenvolvimento sustentável; e reforma da governança global. Durante a cúpula de 2024, ficou evidente o consenso entre os líderes sobre ações para limitar o aumento da temperatura média global a menos de 2°C, com esforços adicionais para um limite mais ambicioso de 1,5°C. Entretanto, a reforma da governança global não progrediu significativamente durante esse período.
O papel do Brasil na COP30
A COP30, sendo a primeira sediada no Brasil, busca abordar lacunas no enfrentamento das mudanças climáticas, incluindo o financiamento da transição energética e a adaptação às mudanças climáticas para países em desenvolvimento. A meta é pressionar países desenvolvidos a apoiar esses esforços, além de incentivar compromissos mais fortes na redução das emissões de gases do efeito estufa.
No entanto, a conferência enfrenta desafios, com a ausência de importantes líderes mundiais. O presidente da China, Xi Jinping, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, não estarão presentes, e os Estados Unidos não enviarão representantes devido à decisão do ex-presidente Donald Trump de retirar o país do Acordo de Paris.
Desafios e contradições
Ainda que o Brasil busque retomar sua posição no cenário ambiental global, a contradição se torna visível com a recente concessão de uma licença ambiental à Petrobras para explorar petróleo na margem equatorial. Esta decisão, a poucos dias do evento climático, gera preocupações sobre a compatibilidade das ações do governo brasileiro com os objetivos pretendidos na COP30.
Expectativas para o futuro
À medida que o Brasil se aproxima do final de seu mandato na presidência do Mercosul, com possíveis avanços nas negociações do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o bloco, a sociedade civil e os observadores internacionais aguardam as consequências das decisões tomadas na COP30. O futuro do protagonismo brasileiro nas questões climáticas e ambientais depende da implementação das propostas e da consistência das políticas adotadas pelo governo.
O sucesso da COP30 pode não apenas influenciar a trajetória ambiental do Brasil, mas também marcar um novo capítulo nas relações do país com a comunidade internacional, definindo como o Brasil será percebido no contexto das mudanças climáticas e do desenvolvimento sustentável.
Com todos esses aspectos em pauta, a COP30 representa não apenas um evento de grande relevância para a agenda ambiental, mas também um momento crítico para refletir sobre o papel do Brasil em um mundo que enfrenta desafios climáticos sem precedentes.


