Na busca por uma oportunidade, uma mulher com formação avançada e décadas de experiência enfrentou a frieza do mercado de trabalho na era digital. Após entregar uma inscrição em uma lanchonete, ela recebeu uma resposta que a pôs de cabeça para baixo.
O sonho de trabalhar por um salário mínimo
Ela explica que, apesar de seu currículo extenso e qualificado, nada aconteceu após preencher um formulário e sorrir para o atendente. “Eles nunca ligaram para mim”, diz. A sensação de rejeição se intensifica pelo fato de ela não atender aos critérios invisíveis do sistema de seleção automatizada.
Expectativa versus realidade
Com um mestrado em artes interdisciplinar e fluente em dois idiomas, ela tenta entender por que sua experiência não vale nada. “Nunca recebi uma resposta positiva, mesmo tentando diferentes estratégias, como remover a graduação ou enfatizar habilidades sociais”, conta. Todas essas tentativas parecem desaparecer na “imensa escuridão” dos algoritmos.
O peso da invisibilidade na crise atual
A narrativa revela uma realidade comum a milhões: pessoas inteligentes, capacitadas e dispostas a trabalhar se deparam com sistemas excludentes, que favorecem a automatização e perpetuam preconceitos implícitos. Segundo dados do The Wall Street Journal, quase metade dos graduados universitários estão subutilizados no mercado.
A dificuldade de inserção afeta principalmente pessoas mais velhas e mulheres, cujos currículos muitas vezes são descartados por sistemas que priorizam jovens ou perfis específicos. “Tenho um mestrado, falo duas línguas, e mesmo assim ninguém me dá uma chance”, lamenta.
Além do dinheiro: o impacto na dignidade e no bem-estar
Ela reforça que o trabalho, além de sustento, representa propósito, rotina e dignidade. “Quando somos excluídos, não é só o aspecto econômico que sofre, é nossa autoestima, nossa visão de nós mesmos”, afirma. Essa exclusão tem consequências profundas na saúde mental e na sensação de valor.
A luta silenciosa de muitos
De acordo com especialistas, ela não está isolada. A situação reflete um cenário de crise na inclusão no mercado de trabalho, agravada por processos seletivos que priorizam perfil, idade e tecnologia, muitas vezes sem considerar o potencial humano real.
O que podemos fazer?
O problema exige uma reflexão ampla sobre políticas públicas e práticas empresariais que deixem de lado a lógica de exclusão. Enquanto isso, pessoas como ela continuam buscando uma chance, mesmo que seja para fazer os melhores sanduíches que alguém já experimentou.
“Eu tenho tanto a oferecer”, afirma com esperança. Sua história é um retrato de muitos que, invisíveis na superfície, lutam para se encontrar e serem reconhecidos.



