No cenário de crescente tensão política no Brasil, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu prosseguir com o julgamento de sete ex-integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal. Os policiais estão sendo acusados de omissão nos atos golpistas que ocorreram no dia 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes em Brasília foram invadidas e vandalizadas. O julgamento ocorrerá entre os dias 25 de novembro e 5 de dezembro, conforme agendamento do ministro Alexandre de Moraes.
A acusação e o contexto dos eventos de 8 de janeiro
Os sete policiais que estão sendo alvo de julgamento integravam a alta cúpula da PMDF na data dos ataques e incluem figuras de destaque, como o então comandante-geral, Fábio Augusto Vieira, e o subcomandante-geral, Klepter Rosa Gonçalves. A Procuradoria-Geral da República (PGR) alega que, apesar de terem recebido informações prévias sobre a possibilidade de invasões, os policiais não tomaram as medidas adequadas para garantir a segurança e a ordem durante os incidentes. Esse comportamento, segundo a acusação, classificou-se como uma omissão deliberada e, portanto, passível de punição.
Quem são os acusados?
Os policiais que serão julgados são:
- Fábio Augusto Vieira (comandante-geral da PMDF)
- Klepter Rosa Gonçalves (subcomandante-geral)
- Jorge Eduardo Barreto Naime (coronel da PMDF)
- Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra (coronel da PMDF)
- Marcelo Casimiro Vasconcelos (coronel da PMDF)
- Flávio Silvestre de Alencar (major da PMDF)
- Rafael Pereira Martins (tenente da PMDF)
Atualmente, todos os réus estão em liberdade provisória e utilizam tornozeleiras eletrônicas, além de estarem sujeitos a diversas restrições, como a proibição de deixar o Distrito Federal e o contato com outros investigados.
Consequências legais e implicações
A PGR sustentou que os ex-policiais podem ser responsabilizados não apenas por sua omissão, mas também pelos crimes cometidos pelos invasores, baseando-se na cláusula da “posição de garante”. Essa teoria legal afirma que aqueles que ocupam uma posição de autoridade têm a obrigação de proteger a sociedade e prevenir crimes. Assim, a falta de ação dos réus, segundo a acusação, proporcionou um ambiente propício para os ataques, o que causa um debate significativo sobre a responsabilidade e a ética da função policial.
O Código Penal brasileiro especifica que a omissão pode ser punida de maneira semelhante à condenação por crimes ativos. Portanto, os acusados enfrentam uma situação delicada, pois suas ações ou a falta delas podem resultar em sérias penalidades.
A resposta das defesas
Em resposta às acusações, as defesas dos policiais negaram qualquer irregularidade e solicitaram a absolvição de seus clientes. Elas argumentam que não existem evidências suficientes para sustentar as alegações de omissão e que os atos na data dos incidentes não configuram crime.
Expectativas para o julgamento
Este julgamento representa um marco significativo para o sistema de justiça do Brasil, especialmente no que diz respeito à responsabilidade das autoridades que têm a missão de proteger a democracia. A decisão sobre o caso pode desencadear reações diversas na sociedade brasileira, refletindo a luta contínua contra a impunidade e a importância da responsabilização nas esferas de poder.
O andamento do processo e a conclusão do julgamento serão monitorados com grande atenção, uma vez que as implicações não se restringem apenas aos réus, mas também à confiança do público nas instituições democráticas do país.

