O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Richard B. “Dick” Cheney, morreu na noite de segunda-feira, aos 84 anos, devido a complicações de pneumonia, informou sua família em comunicado nesta terça-feira. Sua trajetória inclui cargos como chefe de gabinete na Casa Branca, congressista de Wyoming, secretário de Defesa e, principalmente, vice-presidente durante a administração de George W. Bush, de 2001 a 2009.
Legado controverso e influência na política externa
Cheney ficou marcado por sua forte postura de intervenção militar e por sua participação decisiva na implementação da “guerra ao terror”. Ele foi um dos principais defensores da invasão do Iraque, em 2003, uma decisão que provocou uma das crises mais graves da política externa americana, resultando na morte de centenas de milhares de civis e causando custo de mais de US$ 2 trilhões, segundo estimativas. Sua defesa do uso de tortura e de amplos poderes executivos também marcaram sua gestão.
“Por décadas, Dick Cheney serviu ao nosso país, incluindo como chefe de gabinete, congressista, secretário de Defesa e vice-presidente,” afirmou sua família no comunicado. “Dick foi um homem de grande valor, que ensinou seus filhos a amar seu país, vivendo com coragem, honra e bondade.”
Reconhecimento e críticas
Ele foi considerado “o vice-presidente mais poderoso da história” por analistas e políticos. George W. Bush chegou a afirmar: “Quando você fala com Dick Cheney, é como se estivesse falando comigo,” destacando o peso de sua influência na administração. Sua postura gerou tanto admiração quanto críticas severas, especialmente por suas ações na política de guerra.
Recentemente, Cheney surpreendeu ao apoiar a secretária de Estado Kamala Harris na eleição presidencial de 2024, afirmando que Donald Trump representava uma ameaça à república americana. Em 2016, tinha apoiado Trump, mas se distanciou do ex-presidente após os eventos de 6 de janeiro de 2021, que culminaram na invasão do Capitólio.
Saúde e vida pessoal
Cheney enfrentou problemas cardíacos ao longo da vida, sofrendo cinco ataques cardíacos e realizando um transplante de coração em 2012, que descreveu como “o presente da vida”. Sua condição de saúde o acompanhou mesmo após sua aposentadoria do governo, mas ele permaneceu ativo em questões políticas e debates públicos.
Reações e legado
Políticos de ambos os lados elogiaram sua dedicação ao serviço público. Senators como Chuck Grassley (R-Iowa) e representantes como Mike Collins (R-Ga.) ressaltaram sua importância na política americana. Porém, seu papel na invasão do Iraque e na política de tortura permanecem pontos controversos na avaliação de seu legado.
Cheney deixa um impacto duradouro na política mundial e na história recente dos Estados Unidos. Sua morte marca o fim de uma era de forte intervenção militar e de debates sobre os limites do poder executivo no país.



