Belém – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inaugurou a Cúpula do Clima nesta quinta-feira (6/11), em Belém, Pará, fazendo um apelo contra as “forças extremistas” que, segundo ele, têm comprometido as ações globais para combater as mudanças climáticas. Lula sublinhou que a atual “lógica de soma zero” que permeia a ordem internacional tem dificultado o progresso na luta contra a crise climática.
Na sua fala, Lula não hesitou em criticar os conflitos bélicos em curso, como os que ocorrem no Leste Europeu e no Oriente Médio. “Essas guerras desviam a atenção e drenam os recursos que deveriam ser canalizados para o enfrentamento do aquecimento global. Enquanto isso, a janela de oportunidade que temos para agir está se fechando rapidamente”, advertiu o presidente.
A Cúpula do Clima e os principais desafios
A Cúpula do Clima reúne chefs de Estado e representantes de alto nível de mais de 100 países e serve para estabelecer as bases de discussão para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que se inicia na próxima segunda-feira (10/11). No entanto, a ausência notável do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que optou por não participar, assim como a Argentina de Javier Milei, levanta questões sobre a seriedade do compromisso internacional com a causa climática. Ambos líderes, adversários políticos de Lula, não enviaram representantes para o evento.
Lula foi o primeiro chefe de Estado a discursar na Cúpula e destacou a importância do conceito de “justiça climática” como uma aliada no combate à fome e à pobreza mundiais. Ele reiterou o papel do Acordo de Paris, adotado em 2015, que estabelece metas para limitar o aquecimento global e combater as mudanças climáticas.
A importância do Acordo de Paris
O presidente brasileiro recordou que a Cúpula do Clima se realiza no Brasil, onde tudo começou, há mais de 30 anos, na Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro. O Acordo de Paris, segundo Lula, é um reflexo das capacidades de cada país em definir suas metas climáticas, mas frisou que o regime climático não está isolado das dinâmicas que regem a política internacional.
“O ano de 2024 foi o primeiro em que a temperatura média da Terra ultrapassou um grau e meio acima dos níveis pré-industriais. A ciência já indica que essa elevação vai se estender por algum tempo ou até décadas, mas não podemos abandonar o objetivo do Acordo de Paris”, assertou.
O que está em jogo para o Brasil e o mundo
A Cúpula do Clima, segundo Lula, será “a COP da verdade”, um marco para os líderes se comprometem a levar a sério os alertas da ciência sobre a mudança climática. Ele criticou a desconexão entre as discussões diplomáticas e as dificuldades enfrentadas por cidadãos comuns, que sofrem as consequências diretas das mudanças climáticas, como secas e enchentes.
“O combate à mudança do clima deve ser central nas decisões de cada governo, de cada empresa, de cada pessoa. A participação da sociedade civil e o engajamento de governos subnacionais será crucial”, disse, enfatizando a necessidade de um esforço coletivo para enfrentar os desafios climáticos.
Lula também abordou o desequilíbrio entre a geopolítica atual e a urgência em se atuar contra a mudança climática. Ele destacou que a luta contra as desigualdades sociais está intrinsecamente ligada à busca por justiça climática, e que a transformação necessária exige coragem e determinação de todos os líderes mundiais.
O futuro da ação climática
Com a COP30 se aproximando, Lula espera que a Cúpula em Belém sirva como um ponto de inflexão e traga novas forças e ideias para a mesa das negociações climáticas. Ele concluiu seu discurso apelando para um novo modelo de desenvolvimento que seja mais justo e sustentável, ressaltando que “o poder de expandir horizontes está em nossas mãos”.
À medida que a Cúpula do Clima segue, o mundo aguarda para ver se, de fato, ações concretas podem ser formuladas para enfrentar a difícil realidade da mudança climática.


