Após encontros em Busan, na Coreia do Sul, o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, anunciaram nesta quarta-feira (30) uma trégua de um ano na guerra comercial entre as maiores economias do mundo. O acordo envolve a suspensão de tarifas e restrições, além de acordos em setores-chave como terras-raras e soja americana, com potencial impacto positivo para o Brasil.
Detalhes do acordo de paz comercial
De acordo com o entendimento, a tarifa média sobre produtos chineses será reduzida de 57% para 47%. Pequim concordou em suspender controles às exportações de terras-raras, minerais essenciais para tecnologia e defesa, e retomar as compras de soja americana, incluindo a aquisição de 12 milhões de toneladas neste ano e mais 25 milhões anuais pelos próximos três anos. Essa retomada é especialmente relevante para o Brasil, maior fornecedor do produto para a China.
Medidas específicas e concessões no pacote
Entre as ações, os Estados Unidos concordaram em suspender por um ano a norma que restringia o comércio com subsidiárias de empresas incluídas na lista proibida do governo americano, além de reduzir tarifas sobre itens relacionados à fabricação de fentanil, de 20% para 10%. Também foi anunciada a suspensão de taxas portuárias aplicadas a navios chineses nos portos americanos e a retirada da ameaça de taxar 100% das importações de Pequim.
Diálogo de líderes e expectativas
Em uma reunião de uma hora e meia na Coreia do Sul, Trump descreveu o encontro como “uma escala de zero a dez, sendo doze”, destacando o sucesso do diálogo. Xi Jinping afirmou que ambos os países devem atuar como parceiros e amigos, comprometendo-se a trabalhar juntos para alcançar metas maiores. Segundo analistas, Pequim buscou um acordo que pudesse ser valorizado como vitória por Trump, limitando-se ao status quo com concessões pontuais.
O que os Estados Unidos se comprometem a fazer
O governo americano prometeu reduzir tarifas sobre produtos chineses, incluindo uma diminuição na tarifa sobre terras-raras, além de fazer planos de renegociação anual do acordo. Trump afirmou que o pacto deve durar bastante tempo, e que a assinatura oficial deve ocorrer na próxima semana. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, destacou que o acordo é de um ano, mas prevê extensões futuras.
Impactos para o mercado e a China
O acordo trouxe alívio às bolsas globais, embora os principais índices tenham fechado em baixa devido à ausência de assinatura formal de documentos. O mercado de soja reagiu positivamente, com contratos chegando ao maior valor em mais de um ano, refletindo as expectativas de retomada das compras chinesas. Analistas de agronegócio ressaltam que o Brasil manterá sua competitividade, mesmo com o aumento das exportações americanas, devido à sua oferta mais barata.
Compromisso da China
Pequim comprometeu-se a suspender restrições às exportações de terras-raras, essenciais para setores de alta tecnologia, e a cooperar com os EUA em questões como o controle do comércio de terras-raras e o desbloqueio de operações de plataformas como TikTok, que tiveram seu futuro discutido na negociação. A China também reafirmou a intenção de trabalhar junto aos EUA para resolver o impasse sobre o TikTok.
Reações e perspectivas
Trump comemorou a iniciativa na rede social Truth Social, destacando a vitória para os agricultores americanos e empresas, embora analistas alertem que o acordo é uma retomada do estado anterior às tensões mais intensas. Pequim, por sua vez, reforçou seu papel de parceiro e colaborador na resolução de disputas comerciais, o que pode abrir novos caminhos para o comércio bilateral e impacto positivo para produtores brasileiros de soja e minerais.
Segundo especialistas do setor, o entendimento deve gerar incertezas nos preços agrícolas, mas rápida retomada nas exportações de soja americana para a China. O Brasil continua sendo uma fonte competitiva de matéria-prima, mesmo após a reativação do mercado americano.
(Colaboraram Paulo Renato Nepomuceno, Roberto Malfacini e Luciana Casemiro)
 
 
 
 

