Brasil, 31 de outubro de 2025
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Corrupção na Filipinas provoca maior mobilização da Igreja contra impunidade

Crise de corrupção no país impulsiona protestos históricos apoiados pela Igreja Católica e intensifica o combate à impunidade

Uma onda de escândalos de corrupção na Filipinas tem mobilizado a sociedade e provocado as maiores manifestações apoiadas pela Igreja Católica em mais de uma década. Líderes religiosos têm pedido aos cidadãos que perseverem na cobrança por transparência e responsabilidade dos governantes, diante do uso indevido de recursos públicos.

Religiosos destacam a gravidade da corrupção no país

No dia 26 de outubro, o bispo Raúl Bautista Dáel, de Tandag, afirmou que a corrupção é uma questão “grave” na Filipinas durante a celebração de uma festa mariana na cidade de Talisay, Cebu, no centro do país. Ele alertou que o problema se tornou um “sistema e uma cultura” enraizados, com grande parte da população colaborando por silêncio ou conivência.

O arcebispo de Davao, Romulo Geolina Valles, também encorajou a fidelidade dos fiéis na luta contra a corrupção, alertando para a necessidade de vigilância constante. Em missa realizada em 25 de outubro, Valles destacou que o desvio de fundos públicos destinados a educação, saúde, infraestrutura e programas de combate à pobreza tem contribuído para o fortalecimento de uma cultura de impunidade.

Dados revelam a dimensão do problema

De acordo com o Índice de Percepções de Corrupção 2024, elaborado pela Transparência Internacional, a Filipinas recebeu uma pontuação de apenas 33 em uma escala de 0 a 100, ocupando a 114ª posição entre 180 países. O país fica atrás de vizinhos como Cingapura (84), Japão (71) e Malásia (50). Desde 2017, a pontuação mantém-se entre 33 e 36, demonstrando a persistência da crise.

Corrupção manifesta-se em diversas formas, incluindo a malversação de fundos na saúde, como no sistema PhilHealth, e a realização de obras sem execução real. Protestos ocorridos em 21 de setembro, liderados pela Igreja, sociedade civil e movimentos estudantis, denunciaram esses crimes e pediram investigação aprofundada.

Medidas do governo e impacto econômico

Em resposta às manifestações, o presidente Ferdinand Marcos Jr. criou uma comissão independente para investigar irregularidades nos projetos de infraestrutura. O impacto da corrupção é evidente não só na governança, mas também na economia, prejudicando a eficiência, estimulando o crescimento da pobreza e minando a confiança pública nas instituições.

Segundo Marcos, entretanto, estruturas legais e institucionais adequadas estão em vigor para combater o problema. Ele também ressaltou o papel de veículos de comunicação, igrejas e movimentos sociais no fortalecimento da fiscalização cidadã.

O papel moral da Igreja na denúncia

O presidente da Conferência dos Bispos Católicos das Filipinas (CBCP), Cardeal Pablo Virgilio S. David, comparou a corrupção a um câncer que atinge o país. Ele reforçou que é necessário que os fiéis participem ativamente, fiscalizando e cobrando transparência do governo. “Participar, questionar e exigir responsabilidade é fundamental para evitar que a corrupção se instale profundamente”, afirmou.

Em suas redes sociais, David destacou que, com o engajamento da sociedade, há esperança de recuperação e renovação da democracia filipina. “A Igreja atua como farol de moral, denunciando a corrupção e ajudando a despertar a consciência nacional”, afirmou.

Alianças na luta contra a impunidade

Organizações religiosas e laicas vêm unindo esforços para enfrentar o problema. Ações como manifestações, fóruns de debate, campanhas educativas e mobilizações públicas têm buscado fortalecer a participação cidadã na fiscalização de gestores públicos.

Assistentes sociais, organizações de direitos humanos e movimentos estudantis têm promovido ações conjuntas, apoiadas por diversas instituições religiosas, incluindo a Conferência dos Padres e a Cáritas Filipinas. Segundo Sister Liza H. Ruedas, a união desses esforços é essencial para gerar uma mudança real e duradoura na cultura de corrupção do país.

“Nosso compromisso é transformar a postura dos nossos líderes e fortalecer a ética na política, inspirando a sociedade a agir com compaixão e coragem”, afirmou Caspe-Ogatis, professora da Universidade Politécnica de Manila.

Essas iniciativas representam um esforço conjunto de toda a sociedade filipina na recuperação da integridade institucional e na construção de uma nação mais justa e transparente.

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