Brasil, 31 de outubro de 2025
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Repercussões na soja após acordo comercial entre EUA e China

O acordo entre Trump e Xi Jinping traz alívio para o Brasil, mas especialistas alertam para desafios futuros no mercado da soja

A assinatura de uma trégua comercial de um ano entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping trouxe expectativas de estabilidade para o mercado global de soja, principal preocupação brasileira. A ausência de cláusulas que poderiam limitar as exportações brasileiras ao mercado chinês, como ocorreu anteriormente, gerou alívio entre os produtores nacionais, que responderam por 65% de toda a soja adquirida pela China no primeiro semestre de 2025, explica Larissa Wachholz, coordenadora do Programa Ásia do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

Repercussões da retomada das compras chinesas de soja americana

Segundo Larissa, a retomada das compras chinesas de soja dos Estados Unidos, suspensas desde maio, não ameaça as vendas brasileiras ao gigante asiático. Ela avalia que isso se trata de uma normalização. “A China praticamente não comprou soja dos EUA neste ano. Com a retomada das aquisições, se voltar aos níveis anteriores, não haverá prejuízo expressivo ao Brasil”, afirma. A especialista ressalta que, tradicionalmente, Brasil e Estados Unidos dividem o mercado, com participação de 69% para ambos neste ano, frente a 62% de 2022, e atualmente 65%. Ainda há espaço, com dois meses pela frente, para aumento das compras americanas, que devem alcançar uma fatia de 20% a 25% do mercado, garantindo estabilidade às exportações brasileiras.

Perspectivas e recomendações para o setor brasileiro de soja

De acordo com o economista Roberto Dumas, professor de economia chinesa no Insper, o Brasil deveria se antecipar às próximas negociações e buscar um acordo de fornecimento de soja com o governo chinês. Ele alerta que Trump ainda pode impor uma cota de importação aos EUA, o que pode facilitar a entrada da soja americana no mercado chinês às custas do Brasil. “Seria importante que o Ministério da Agricultura negociasse uma venda contínua de soja por dois, três ou quatro anos”, recomenda Dumas.

Impacto das tarifas e risco de entrada de produtos chineses no Brasil

O acordo também inclui uma redução nas tarifas sobre produtos chineses importados pelos EUA, o que, segundo Larissa, deve diminuir o temor de uma invasão de produtos “made in China” no mercado brasileiro. Por outro lado, Dumas acredita que a pressão por parte de produtos chineses continuará forte, especialmente nos setores de veículos elétricos, painéis solares e baterias, devido à sobrecapacidade brutal da China nessas áreas. “A China tentará colocar essa produção na Europa e na América Latina, o Brasil tende a perder na indústria desses segmentos, mesmo com um acordo com os chineses”, avalia o economista.

Desafios futuros e estratégias do Brasil

O cenário mostra que, apesar das boas perspectivas atuais, o Brasil precisa se preparar para possíveis mudanças no mercado internacional. A estratégia de diversificação na exportação de soja e fortalezar negociações bilaterais pode ser fundamental para garantir estabilidade financeira ao setor agricultor brasileiro nos anos vindouros. A análise completa sobre o impacto do acordo pode ser conferida no portal do O Globo.

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