A próxima terça-feira (4) será marcada por um julgamento importante no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), presidido pela ministra Cármen Lúcia. O tribunal analisará duas ações que podem resultar na cassação e inelegibilidade do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, do PL. A expectativa criada em torno desse processo acendeu um sinal de alerta não apenas entre os aliados do governador, mas também no próprio partido.
Contexto do julgamento e possíveis desdobramentos
No entendimento de assessores de Castro, a atuação do TSE neste momento é considerada política e orquestrada em conjunto com o governo federal, especialmente após uma operação policial que culminou em mais de 120 mortes no Rio, uma das mais letais da história. Essa operação intensificou a crise de segurança pública no estado, colocando o Palácio Guanabara em rota de colisão com o Palácio do Planalto.
Uma fonte ligada à administração do governador expressou preocupação, afirmando que o TSE, apesar de ser um tribunal que pode atuar politicamente, não deve se subordinar ao governo de Lula. Já um integrante do PL, com forte ligação no meio jurídico, enfatizou que a decisão de pautar o julgamento nesse momento é tudo, menos uma mera coincidência, especialmente considerando que esse julgamento pode impactar seriamente a carreira política de Castro.
Ações no TSE e suas implicações
As ações sob análise acusam Cláudio Castro, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Rodrigo Bacellar, e o ex-vice-governador, Thiago Pampolha, de abuso de poder político e econômico no que ficou conhecido como “escândalo do Ceperj”. Essa investigação, que se arrasta desde 2022, revelou a existência de uma “folha de pagamento secreta” do governo, que contemplava 45 mil pessoas em cargos temporários, incluindo aliados políticos e cabos eleitorais do governador.
Notavelmente, em maio do ano passado, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio havia absolvido Castro e seus aliados com um placar apertado de 4 a 3. No entanto, o Ministério Público Eleitoral recorreu, e as ações estão prontas para julgamento desde junho, aguardando a inclusão na pauta.
O cenário político e as reações na Lava Jato
Se as decisões resultarem na cassação de Castro e Bacellar, a presidência do governo fluminense poderá ser assumida temporariamente pelo presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Ricardo Couto de Castro, até que uma nova eleição indireta ocorra com a votação dos deputados estaduais.
Vale destacar que, até o momento, o Rio de Janeiro não registrou nenhum caso de governador cassado enquanto no exercício do mandato pelo TSE. Entretanto, sinais recentes da corte causam apreensão, especialmente no entorno do governador. O temor é reforçado pelo histórico recente de decisões duras do TSE, como a recente cassação do governador de Roraima, Antonio Denarium, por abuso de poder político e econômico durante as eleições de 2022.
O clima de incerteza predominante nos bastidores é palpável. O desejo entre alguns aliados de Castro é que, caso a ministra Isabel Gallotti, relatora dos casos, vote favoravelmente à cassação, algum outro ministro peça vistas, adiando a decisiva análise para 2026. A expectativa é que a tensão política diminua até lá, permitindo um ambiente mais favorável para a resolução do caso.
Expectativas e a resposta da defesa
Diante de todas essas movimentações, as reações na defesa de Cláudio Castro foram rápidas. Em junho, quando o caso foi liberado para análise do plenário, a defesa expressou confiança de que, ao final do julgamento, a legalidade das ações do governador seria comprovada, lembrando que Castro foi eleito no primeiro turno com uma margem significativa de votos.
Com isso, o futuro político de Cláudio Castro permanece incerto. O desdobramento desse julgamento poderá não apenas impactar sua carreira, mas também influenciar a dinâmica política do Rio de Janeiro. Fãs e críticos observam de perto essa reviravolta, que promete agitar o cenário político do estado e do país nos próximos dias.
