Nos últimos anos, a polarização e o aumento de informações falsas fizeram com que muitos percebessem que seus amigos e familiares vivem em universos distintos. Essa descoberta, muitas vezes, provoca uma mistura de medo, tristeza e perplexidade, revelando o quão profundo o abismo ideológico pode ser.
Sinais de uma realidade desconectada
Para várias pessoas, o momento de maior impacto foi perceber que opiniões e informações compartilhadas por entes queridos estavam além do senso comum ou da lógica. Como relata uma mãe, ela descobriu que a irmã não acreditava na gravidade da COVID-19 e que seu pai acredita que o uso de máscaras é uma ameaça, o que levou ao término das conversas.
Outro exemplo é o relato de alguém que percebeu que seu tio acreditava que as mudanças climáticas eram uma invenção e que o governo controla o clima usando tecnologia avançada. “É assustador como algumas pessoas aparentam ser inteligentes e articuladas, mas quando mergulham na teoria da conspiração, a conversação se torna impossível”, explica.
Diferenças radicais de percepção da verdade
Algumas histórias revelam que familiares acreditam em teorias com baixo respaldo científico, como a de que o zika, AIDS ou COVID foram criados por interesses ocultos, ou que 5G causa câncer e que os ataques de 11 de setembro foram uma operação interna.
Um relato impactante foi de uma pessoa que descobriu que a mãe acredita que Joe Biden é um robô clonável, porque ele estaria apresentando falhas. “Custou a acreditar, mas foi o momento em que percebi que estamos vivendo em universos paralelos”, diz.
Impacto nas relações familiares
Para muitos, a realização de que alguém próximo vive em uma realidade diferente desencadeia crises e afastamentos. Um testemunho doloroso foi o de uma pessoa que, após discutir a COVID com o pai, decidiu cortar contato por sentir que ele colocava a vida de outros em risco com suas crenças anticiência.
Outro exemplo recente foi de uma pessoa que, diante de familiares que negridam as evidências científicas, optou por se afastar para preservar sua sanidade e segurança emocional.
O que podemos fazer?
Apesar do peso dessas descobertas, alguns especialistas sugerem que é importante manter o diálogo sempre que possível, valorizando o respeito às diferenças. Ainda assim, reconhecer limites e proteger a própria saúde mental também são atitudes necessárias.
Com a crescente disponibilidade de informações — e desinformações —, o desafio de convivência com opiniões divergentes deve continuar. A questão que fica é: até que ponto é possível manter pontes diante de um oceano de divergências tão profundas?
Em tempos de polarização extrema, histórias como essas revelam uma questão fundamental: o quão distantes estamos de entender e aceitar que nem todos vivem na mesma realidade que nós?


