Nesta quarta-feira, o Federal Reserve cortou sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual, levando a faixa para entre 3,75% e 4% ao ano. O movimento, aliado à decisão do Banco Central brasileiro de manter os juros em 15% ao ano, amplia o diferencial entre as duas economias e tende a elevar o interesse de investidores estrangeiros pelo Brasil, principalmente em renda variável. Segundo Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, essa dinâmica ajuda a sustentar o câmbio entre R$ 5,35 e R$ 5,40.
Efeito indireto do corte de juros dos EUA na taxa de câmbio
Embora não exista uma relação direta, o corte de juros pelo Federal Reserve tende a valorizar o real, o que, por sua vez, reduz a pressão inflacionária brasileira. Sung explica que, “quando o Banco Central americano corta juros, nossa taxa de câmbio tende a se valorizar, o que ajuda a aliviar a inflação e a estabilizar as expectativas no curto prazo”. Essa estabilidade cambial também diminui o estresse sobre o cenário interno, abrindo espaço para, futuramente, uma possível redução na taxa Selic brasileira.
Perspectivas para o mercado de juros e capitais estrangeiros
De acordo com Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Investimentos, o mercado deve ficar atento à sinalização do Banco Central brasileiro sobre a manutenção dos juros em nível elevado. “Se o BC indicar que os juros permanecerão altos por um período prolongado, isso pode atrair maior fluxo de capitais ao país, já que uma postura conservadora reforça a atratividade dos títulos brasileiros”, afirma.
Decisão unânime e comunicação transparente
Ao contrário do Fed, que enfrenta uma maior volatilidade e dissidências internas, o Banco Central do Brasil deve manter a decisão de deixar a Selic em 15% sem dissidências, com uma comunicação firme. Sung avalia que “os dados recentes de inflação e mercado de trabalho têm sido favoráveis, e a sinalização do BC tende a ser mais segura e assertiva”.
Desafios e expectativas do cenário interno e externo
Enquanto o Fed busca equilibrar inflação ainda alta e desaceleração econômica, o presidente do Banco Central brasileiro, Gabriel Galípolo, reforça a preocupação com a inflação via preços de serviços e o mercado de trabalho aquecido. Kawauti destaca que “a expectativa é que o comunicado do próximo encontro seja vago quanto à duração do ciclo de juros elevados, mas a manutenção na próxima semana deve reforçar a estabilidade do mercado”.
Segundo especialistas, o foco dos investidores estará na orientação do BC sobre o rumo dos juros, o que pode influenciar a curva de juros de curto e médio prazo e, consequentemente, os fluxos internacionais de capital para o Brasil.
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